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TELEFONIA CELULAR
4.000 unidades possuem licença da Anatel, mas a maioria não tem alvará de instalação da prefeitura
96% das antenas são irregulares em SP
SIMONE IWASSO
SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Elas são cerca de 4.000 na cidade
de São Paulo e estão espalhadas
desde as regiões centrais até os
bairros mais pobres da periferia.
Quando muito próximas de casas e apartamentos, incomodam
os moradores por fazerem bastante barulho à noite e emitirem
vibrações incômodas, além de
causarem aquecimento corporal.
Elas, no caso, são as estações rádio-base (ERBs), mais conhecidas
como antenas de telefonia celular.
Das 4.000, existem pelo menos
3.846 antenas de celular instaladas irregularmente (96% do total).
Segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), órgão que regula a concessão do serviço, 4.000 ERBs têm licença para
funcionar na cidade. Para serem
instaladas, porém, elas precisam
ter alvará da prefeitura, situação
em que apenas 154 se encaixam.
Outras 2.397 ainda estão com
processo de autorização em andamento na prefeitura.
Os números foram fornecidos
pelos órgãos à CPI aberta na Câmara Municipal para investigar a
situação das antenas.
Além do Legislativo, o Ministério Público da Habitação e Urbanismo já abriu inquérito para investigar a proliferação das ERBs
em locais proibidos, próximos a
residências e espaços públicos,
como hospitais e escolas.
"Em alguns lugares, já existe um
mar de antenas em condições irregulares. É uma situação caótica
que se intensificou nos últimos
anos, com a participação de novas
empresas e a falta de fiscalização
do poder público", diz o promotor Mário Malaquias.
Nos últimos dois anos, houve
um crescimento de mais de 50%
no número de antenas instaladas.
O promotor conta que toda semana recebe reclamações de moradores preocupados com antenas próximas às suas casas. "As
empresas que montam o aparelho
agem durante a noite, enquanto
as pessoas estão dormindo", diz.
Um dos aliados do promotor é a
Abradecel (Associação Brasileira
de Defesa dos Moradores e Usuários Intranquilos com Equipamento de Telefonia Celular).
"De um dia para o outro, apareceu uma estrutura metálica vizinha ao meu apartamento", conta
o advogado João Carlos Peres,
fundador da Abradecel.
Morador de Higienópolis, o advogado tem na associação pessoas
das regiões dos Jardins, Pinheiros,
Alto de Pinheiros, Lapa, Perdizes,
Tatuapé, entre outros.
"Não somos contra a tecnologia. Queremos apenas a remoção
das antenas que estão funcionando clandestinamente", diz.
O papel fiscalizador das instalações irregulares cabe às subprefeituras. Elas têm o poder de multar
e notificar a empresa, além de embargar a aparelhagem e enviar à
Anatel um comunicado pedindo
a suspensão da licença.
Porém as antenas se proliferaram, e as subprefeituras não conseguiram coibir esse crescimento.
Ganho de causa
Segundo informações da assessoria de imprensa da Secretaria
das Subprefeituras, os fiscais estão tentando fiscalizar e multar as
antenas irregulares.
A assessoria diz que o grande
problema acontece após a aplicação da multa, quando, mesmo
após o lacramento do aparelho,
muitos continuam funcionando.
Muitos moradores acabam recorrendo à Justiça e ganhando a
ação contra as antenas irregulares. Associações já conseguiram
retirar pelo menos cinco antenas
da cidade.
Um exemplo é a antena que a
Vivo, na época Telesp Celular,
mantinha na praça do Pôr-do-Sol, no Alto de Pinheiros.
A ilustradora Gisele Moreau, 41,
obteve, após uma disputa de dois
anos com a operadora, uma decisão judicial determinando o desligamento da antena.
"É uma luta. Você tenta reclamar com a operadora. Eles não
escutam e continuam lá. Nesse caso, a subprefeitura foi lá e multou,
mas a antena só foi desligada após
a decisão judicial", diz Moreau.
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