São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 2006

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GUERRA URBANA /POLICIAIS

Entidade de cabos e soldados entrou com representação criminal contra Abreu Filho e Furukawa, por não terem alertado sobre ataques

Associação de PMs acusa Estado de descaso

André Porto/Folha Imagem
Carro da Polícia Militar percorre a rua Augusta (centro) em ronda na cidade de São Paulo após a onda de ataques atriibuídas ao PCC


REGIANE SOARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar do Estado de São Paulo protocolou ontem, na Procuradoria Geral de Justiça, representação criminal contra os secretários estaduais Saulo de Castro Abreu Filho (Segurança Pública) e Nagashi Furukawa (Administração Penitenciária).
A entidade quer que o Ministério Público investigue a responsabilidade dos secretários nos ataques criminosos liderados pelo PCC. "Avaliamos que houve traição e descaso das autoridades com os policiais, pois sabiam que haveria reação às transferências dos presos", disse o presidente da associação, cabo Wilson de Oliveira Morais.
A representação seguirá para análise do procurador-geral de Justiça, Rodrigo Pinho, que estava em Recife ontem e não pôde receber o documento pessoalmente.
No texto, o cabo Wilson também reivindica a instauração de ações de indenização às famílias dos policiais mortos pelos danos materiais e morais causados pelos ataques.
Segundo o presidente da associação, os secretários Saulo de Castro Abreu Filho e Nagashi Furukawa sabiam que o comando do PCC não iria se conformar com a transferência de quase 800 presos, ocorrida na quinta-feira da semana passada, para a penitenciária de Presidente Venceslau (620 km de SP).
"Era previsto que algo iria acontecer em represária às transferências", comentou o cabo Wilson. Ele garantiu que os policiais não foram avisados dos ataques e, por isso, foram pegos de surpresa. "Se soubessem, teriam feito barricadas na frente das bases."
Na representação, o presidente da associação relata que estava em Botucatu, na quinta-feira passada, quando soube da rebelião na penitenciária de Avaré. Segundo ele, naquela região já se comentava entre os policiais militares a possível reação do PCC. Porém, nenhuma informação oficial foi repassada.
Uma semana após o início da onda de violência, cabo Wilson disse que o sentimento da tropa é de "virar o jogo" para combater as ações criminosas. Mas acredita que o suposto acordo entre o governo e o comando do PCC contribuiu para a diminuição dos ataques. "Como a polícia é mais forte, [os bandidos] começaram a recuar. Agora os policiais estão mais preparados para o combate."
Em nota, a assessoria de imprensa do Palácio dos Bandeirantes informou que o governo não se pronunciará sobre a representação enquanto não for notificado. Segundo a assessoria, o governador Cláudio Lembo destacou que os secretários estão desempenhando um bom trabalho e, por isso, continuam no governo.


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