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LIGAÇÕES PERIGOSAS
Ele é casado com Maria Cristina Rachado, advogada de Marcola
Corregedoria investiga delegado
DA REPORTAGEM LOCAL
A Corregedoria da Polícia Civil
de São Paulo começou a investigar ontem, por meio de um procedimento apuratório administrativo, se o delegado José Augusto Rachado, da 4ª Delegacia Seccional, na zona norte, tem ou não
ligação com os ataques ocorridos
em São Paulo na última semana.
O delegado é casado com a advogada Maria Cristina Rachado,
advogada do líder máximo da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), Marcos Willians Herbas Camacho, 38, o
Marcola. Ela é acusada de ter
comprado, por R$ 200, a gravação
com o depoimento dos delegados
Godofredo Bittencourt e Ruy Ferraz Fontes, do Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime
Organizado), aos deputados da
CPI do Tráfico de Armas.
A intenção da cúpula da Polícia
Civil é, entre outras coisas, descobrir se o delegado, que trabalha
no setor de precatórias da 4ª Seccional, repassou algumas informações privilegiadas sobre a
atuação das forças de segurança
do Estado à sua mulher, que as teria retransmitido aos líderes da
facção presos ou em liberdade.
Durante vários anos, o delegado
Rachado esteve à frente de delegacias de áreas onde existe uma
grande atuação do PCC na zona
norte de São Paulo, como o 74º
DP (Parada de Taipas), alvo de tiros na última sexta-feira, e o 45º
DP (Brasilândia).
A reportagem pediu, ontem à
noite, autorização à assessoria de
imprensa da Secretaria da Segurança Pública para entrevistar o
delegado Rachado. Segundo o órgão, "o delegado optou por não
falar nada sobre a investigação até
esse momento [ontem]".
Área do Capetinha, do PCC
Nas áreas dessas duas delegacias, Marcelo Vieira, o Capetinha,
"piloto" (gerente) do PCC para a
zona norte, atuou até o último dia
13 de abril, quando acabou preso
por policiais militares do serviço
reservado. Capetinha é acusado
de ter comandado, a mando do
PCC, ataques às bases da PM no
início deste ano e também uma
chacina que vitimou quatro pessoas, em 31 de março. Os mortos,
segundo a polícia, seriam ligados
à facção criminosa CRBC (Comando Revolucionário Brasileiro
da Criminalidade), cujos integrantes são rivais mortais dos que
defendem o PCC.
Em meio à onda de ataques iniciada há sete dias, três homens invadiram a casa onde a mãe de
Vieira, Maria Aparecida Floriano
da Silva, 63, e seu irmão, Eduardo
Floriano da Silva, 24, foram mortos com vários tiros.
Para a polícia, o crime foi uma
vingança dos integrantes do
CRBC contra Capetinha, que está
no "Parque dos Monstros", como
passou a ser chamada, desde a semana passada, a Penitenciária 2
de Presidente Venceslau (620 km
de SP). Lá, estão 765 presos ligados ao PCC.
(ANDRÉ CARAMANTE)
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