São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 2006

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LIGAÇÕES PERIGOSAS

Ele é casado com Maria Cristina Rachado, advogada de Marcola

Corregedoria investiga delegado

DA REPORTAGEM LOCAL

A Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo começou a investigar ontem, por meio de um procedimento apuratório administrativo, se o delegado José Augusto Rachado, da 4ª Delegacia Seccional, na zona norte, tem ou não ligação com os ataques ocorridos em São Paulo na última semana.
O delegado é casado com a advogada Maria Cristina Rachado, advogada do líder máximo da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), Marcos Willians Herbas Camacho, 38, o Marcola. Ela é acusada de ter comprado, por R$ 200, a gravação com o depoimento dos delegados Godofredo Bittencourt e Ruy Ferraz Fontes, do Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado), aos deputados da CPI do Tráfico de Armas.
A intenção da cúpula da Polícia Civil é, entre outras coisas, descobrir se o delegado, que trabalha no setor de precatórias da 4ª Seccional, repassou algumas informações privilegiadas sobre a atuação das forças de segurança do Estado à sua mulher, que as teria retransmitido aos líderes da facção presos ou em liberdade.
Durante vários anos, o delegado Rachado esteve à frente de delegacias de áreas onde existe uma grande atuação do PCC na zona norte de São Paulo, como o 74º DP (Parada de Taipas), alvo de tiros na última sexta-feira, e o 45º DP (Brasilândia).
A reportagem pediu, ontem à noite, autorização à assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública para entrevistar o delegado Rachado. Segundo o órgão, "o delegado optou por não falar nada sobre a investigação até esse momento [ontem]".

Área do Capetinha, do PCC
Nas áreas dessas duas delegacias, Marcelo Vieira, o Capetinha, "piloto" (gerente) do PCC para a zona norte, atuou até o último dia 13 de abril, quando acabou preso por policiais militares do serviço reservado. Capetinha é acusado de ter comandado, a mando do PCC, ataques às bases da PM no início deste ano e também uma chacina que vitimou quatro pessoas, em 31 de março. Os mortos, segundo a polícia, seriam ligados à facção criminosa CRBC (Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade), cujos integrantes são rivais mortais dos que defendem o PCC.
Em meio à onda de ataques iniciada há sete dias, três homens invadiram a casa onde a mãe de Vieira, Maria Aparecida Floriano da Silva, 63, e seu irmão, Eduardo Floriano da Silva, 24, foram mortos com vários tiros.
Para a polícia, o crime foi uma vingança dos integrantes do CRBC contra Capetinha, que está no "Parque dos Monstros", como passou a ser chamada, desde a semana passada, a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km de SP). Lá, estão 765 presos ligados ao PCC.
(ANDRÉ CARAMANTE)


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