São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 2006

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Para ombudsman, TVs ajudaram a criar pânico

COLUNISTA DA FOLHA

A cobertura dos ataques do PCC feita por todas as redes comerciais de TV foi sensacionalista e assustou o telespectador, contribuindo para o "estado de pânico" que tomou conta de boa parte de São Paulo.
A avaliação é de Osvaldo Martins, da Cultura, único ombudsman de TV no país. "O final de semana violento pegou as emissoras de surpresa. Elas se armaram para reagir na segunda-feira usando imagens da sexta à noite, do sábado e do domingo, e contribuíram para instalar o pânico", escreveu Martins no site da TV Cultura.
O ombudsman, que recentemente pregou o fim dos telejornais da Cultura, elogiou a cobertura feita pela emissora, que classificou como "a mais equilibrada" e aprofundada, sem "chapabranquismo" (a Cultura é financiada pelo Estado).
Já as emissoras comerciais, na opinião de Osvaldo Martins, "não resistiram aos apelos do sensacionalismo" e criaram "um pacote-pânico que assustou a população".
O sociólogo Laurindo Lalo Leal Filho, professor de jornalismo na USP (Universidade de São Paulo), concorda com o ombudsman da Cultura. O professor não poupa a TV Globo. Em sua avaliação, a edição do último domingo do "Fantástico" foi sensacionalista e se utilizou de truques dramatúrgicos, como fundo musical. Leal diz que a edição de anteontem do "Rede TV News", apresentado por Marcelo Rezende na Rede TV!, foi ainda mais sensacionalista.
O telejornal noticiou uma nova onda de ataques na quarta-feira e levou ao ar rumores que acabaram se revelando mentirosos. Com a boa audiência, o jornal foi esticado em uma hora (o dobro do normal).
Rezende contesta a acusação de sensacionalismo. Ele afirma que todas as notícias de seu telejornal estavam nos jornais impressos de ontem. Já a Globo desqualificou a avaliação de Laurindo Lalo Leal Filho de que o "Fantástico" foi sensacionalista. "Quem precisar de uma manifestação contra a TV Globo não precisa perder tempo: basta procurar sempre esse professor [Leal Filho], que, sabe-se lá com que investidura, resolveu assumir o papel de crítico de plantão da emissora", reagiu o apresentador.


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