São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2008

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Jovem que atropelou 40 não tem habilitação

Rapaz diz que acelerou o carro dentro do estacionamento do Centro de Exposições Imigrantes para escapar de agressões

Polícia vai investigar segurança do Carnafacul e pode indiciar organizadores do evento por lesão corporal; 6 estão internados

DO "AGORA"

O mecânico Thiago Ventura, 18, que atropelou cerca de 40 pessoas anteontem no estacionamento do carnaval fora de época Carnafacul, não tem carteira de motorista.
Ele foi preso em flagrante e indiciado pela Polícia Civil por lesão corporal culposa (sem intenção). Passou a noite preso no 26º DP (Sacomã) e foi solto ontem à tarde, após a Justiça conceder liberdade provisória.
O rapaz contou a polícia que acelerou o carro para fugir de um grupo que o agredia. O evento ocorria no Centro de Exposições Imigrantes, na zona sul de SP, e reuniu aproximadamente 30 mil estudantes.
O fato de Ventura dirigir o Gol prata, registrado em seu nome, sem ter CNH (Carteira Nacional de Habilitação) consta como agravante contra ele.
Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública, ele não teve fiança afixada -procedimento padrão em atropelamentos- por conta do grande número de vítimas. Ao todo, estão relacionadas 23 vítimas no boletim de ocorrência.
Para o delegado Antonio da Costa Pereira Neto, do 97º DP (Americanópolis), a versão do indiciado, de que ele seria agredido caso não acelerasse o veículo, é "aceitável". "Tendo em vista o estado em que o cunhado dele ficou, ele teria agido em estado de necessidade mesmo."
Segundo o policial, se ficar comprovado que não havia segurança no Carnafacul, os organizadores podem ser indiciados pelo crime de lesão corporal e Ventura, de indiciado, pode passar a figurar como vítima.
"Nós vamos apurar a responsabilidade dos organizadores em relação à segurança. O que parece é que faltou alguém que interviesse logo que o tumulto começou", disse o delegado.
À polícia Ventura disse ter acelerado o carro para fugir de agressões contra ele e seu cunhado, o metalúrgico Roneivon Liberato, 20. Vários rapazes passaram a agredi-lo, diz o mecânico, após assediarem a namorada e a irmã dele.
"Falei que era minha namorada. Me acertaram no olho e começaram a me espancar. Apaguei e pisei no acelerador para fugir", disse Ventura.
Das 26 pessoas levadas a sete hospitais, seis seguem internadas. Quatro vítimas que estão no hospital Jabaquara sofreram fraturas pelo corpo e uma teve traumatismo craniano.
O rapaz que está na UTI do Hospital das Clínicas, Fernando da Cunha, 20, sofreu fratura na bacia e rompimento da uretra. Operado, não corre risco de morte. Seu irmão gêmeo, Felipe da Cunha, diz que o mecânico tinha intenção de ferir as pessoas. "Essa história de que ele tentava fugir é mentira. O local tinha vários carros, mas ele tinha espaço para sair."
A polícia não fez exame toxicológico no motorista por avaliar que ele parecia sóbrio. (ARTUR RODRIGUES E CARLA NAVARRETE)

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