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Jovem que atropelou 40 não tem habilitação
Rapaz diz que acelerou o carro dentro do estacionamento do Centro de Exposições Imigrantes para escapar de agressões
Polícia vai investigar segurança do Carnafacul e pode indiciar organizadores do evento por lesão corporal; 6 estão internados
DO "AGORA"
O mecânico Thiago Ventura,
18, que atropelou cerca de 40
pessoas anteontem no estacionamento do carnaval fora de
época Carnafacul, não tem carteira de motorista.
Ele foi preso em flagrante e
indiciado pela Polícia Civil por
lesão corporal culposa (sem intenção). Passou a noite preso
no 26º DP (Sacomã) e foi solto
ontem à tarde, após a Justiça
conceder liberdade provisória.
O rapaz contou a polícia que
acelerou o carro para fugir de
um grupo que o agredia. O
evento ocorria no Centro de
Exposições Imigrantes, na zona sul de SP, e reuniu aproximadamente 30 mil estudantes.
O fato de Ventura dirigir o
Gol prata, registrado em seu
nome, sem ter CNH (Carteira
Nacional de Habilitação) consta como agravante contra ele.
Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública, ele
não teve fiança afixada -procedimento padrão em atropelamentos- por conta do grande
número de vítimas. Ao todo, estão relacionadas 23 vítimas no
boletim de ocorrência.
Para o delegado Antonio da
Costa Pereira Neto, do 97º DP
(Americanópolis), a versão do
indiciado, de que ele seria agredido caso não acelerasse o veículo, é "aceitável". "Tendo em
vista o estado em que o cunhado dele ficou, ele teria agido em
estado de necessidade mesmo."
Segundo o policial, se ficar
comprovado que não havia segurança no Carnafacul, os organizadores podem ser indiciados pelo crime de lesão corporal e Ventura, de indiciado, pode passar a figurar como vítima.
"Nós vamos apurar a responsabilidade dos organizadores
em relação à segurança. O que
parece é que faltou alguém que
interviesse logo que o tumulto
começou", disse o delegado.
À polícia Ventura disse ter
acelerado o carro para fugir de
agressões contra ele e seu cunhado, o metalúrgico Roneivon
Liberato, 20. Vários rapazes
passaram a agredi-lo, diz o mecânico, após assediarem a namorada e a irmã dele.
"Falei que era minha namorada. Me acertaram no olho e
começaram a me espancar.
Apaguei e pisei no acelerador
para fugir", disse Ventura.
Das 26 pessoas levadas a sete
hospitais, seis seguem internadas. Quatro vítimas que estão
no hospital Jabaquara sofreram fraturas pelo corpo e uma
teve traumatismo craniano.
O rapaz que está na UTI do
Hospital das Clínicas, Fernando da Cunha, 20, sofreu fratura
na bacia e rompimento da uretra. Operado, não corre risco de
morte. Seu irmão gêmeo, Felipe da Cunha, diz que o mecânico tinha intenção de ferir as
pessoas. "Essa história de que
ele tentava fugir é mentira. O
local tinha vários carros, mas
ele tinha espaço para sair."
A polícia não fez exame toxicológico no motorista por avaliar que ele parecia sóbrio.
(ARTUR RODRIGUES E CARLA NAVARRETE)
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