São Paulo, terça-feira, 19 de maio de 2009

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Gays ganham ala especial em presídio de MG

Funcionando em caráter experimental, setor possui 37 detentos; objetivo é combater a violência sexual entre presos

Aberto há um mês, novo espaço permite que presos homossexuais mantenham os cabelos longos, o que é proibido em prisões normais


PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA,

EM BELO HORIZONTE Os presos homossexuais da região metropolitana de Belo Horizonte (MG) ganharam uma ala especial em um presídio recém-inaugurado em São Joaquim de Bicas.
A ala especial dos homossexuais, aberta há um mês, permite que os travestis e transexuais mantenham, por exemplo, os cabelos compridos, o que não podem fazer em presídios masculinos.
Funcionando ainda em caráter experimental, a ala tem hoje 37 presos nas dez celas (cada uma para até quatro presos).
Além da valorização da autoestima, a medida tem como objetivo combater a violência a presos homossexuais e também preservar a saúde deles.
A criação da ala foi feita a pedido do Centro de Referência de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros, da Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado, que é dirigido pela transexual Walkiria La Roche.
Segundo a Secretaria da Defesa Social, a criação da ala não significa que haja privilégio aos presos homossexuais. A ideia, segundo a pasta, é retirá-los da situação de risco e de violência.
"A violência existe, sim, mas a saúde vem em primeiro lugar. E não é a saúde só deles [dos homossexuais]. É de todos os presos que estão ali", diz La Roche. Segundo ela, é a primeira experiência do gênero no país.
La Roche afirma que os presos comuns com direito a visita íntima recebem preservativo para o ato sexual, mas, quando cometem violência sexual na cadeia, não se preocupam com isso. Por serem discriminados, os homossexuais são as principais vítimas dos presos.
Segundo ela, ainda será decidido se os presos homossexuais terão direito a visitas íntimas.
Por três meses, La Roche fez reuniões com presos homossexuais e ouviu deles os principais problemas nos presídios.
A adesão à ala é espontânea. Caberá ao preso homossexual procurar o governo e dizer que deseja ir para lá. Mas, como se trata de um projeto experimental, não há definição sobre a ampliação de vagas.
Vice-presidente do Cellos-MG (Centro de Luta pela Livre Orientação Social) e coordenador de um espaço público destinado a um movimento de lésbicas, gays e travestis de BH, Luís Schalcher elogia o projeto.
"É positivo, inclusive quando falamos de travestis e transexuais, que têm os direitos humanos mais vilipendiados."


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