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Gays ganham ala especial em presídio de MG
Funcionando em caráter experimental, setor possui 37 detentos; objetivo é combater a violência sexual entre presos
Aberto há um mês, novo espaço permite que presos homossexuais mantenham os cabelos longos, o que é proibido em prisões normais
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM BELO HORIZONTE
Os presos homossexuais da
região metropolitana de Belo
Horizonte (MG) ganharam
uma ala especial em um presídio recém-inaugurado em São
Joaquim de Bicas.
A ala especial dos homossexuais, aberta há um mês, permite que os travestis e transexuais mantenham, por exemplo, os cabelos compridos, o
que não podem fazer em presídios masculinos.
Funcionando ainda em caráter experimental, a ala tem hoje
37 presos nas dez celas (cada
uma para até quatro presos).
Além da valorização da autoestima, a medida tem como
objetivo combater a violência a
presos homossexuais e também preservar a saúde deles.
A criação da ala foi feita a pedido do Centro de Referência
de Gays, Lésbicas, Bissexuais,
Travestis, Transexuais e Transgêneros, da Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado, que é dirigido pela transexual Walkiria La Roche.
Segundo a Secretaria da Defesa Social, a criação da ala não
significa que haja privilégio aos
presos homossexuais. A ideia,
segundo a pasta, é retirá-los da
situação de risco e de violência.
"A violência existe, sim, mas
a saúde vem em primeiro lugar.
E não é a saúde só deles [dos
homossexuais]. É de todos os
presos que estão ali", diz La Roche. Segundo ela, é a primeira
experiência do gênero no país.
La Roche afirma que os presos comuns com direito a visita
íntima recebem preservativo
para o ato sexual, mas, quando
cometem violência sexual na
cadeia, não se preocupam com
isso. Por serem discriminados,
os homossexuais são as principais vítimas dos presos.
Segundo ela, ainda será decidido se os presos homossexuais
terão direito a visitas íntimas.
Por três meses, La Roche fez
reuniões com presos homossexuais e ouviu deles os principais problemas nos presídios.
A adesão à ala é espontânea.
Caberá ao preso homossexual
procurar o governo e dizer que
deseja ir para lá. Mas, como se
trata de um projeto experimental, não há definição sobre a
ampliação de vagas.
Vice-presidente do Cellos-MG (Centro de Luta pela Livre
Orientação Social) e coordenador de um espaço público destinado a um movimento de lésbicas, gays e travestis de BH, Luís
Schalcher elogia o projeto.
"É positivo, inclusive quando
falamos de travestis e transexuais, que têm os direitos humanos mais vilipendiados."
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