São Paulo, quarta-feira, 19 de maio de 2010

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DEPOIMENTO

Cinema não resistiu à degradação do centro de SP

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Construído ao longo dos anos 1940 e inaugurado no início da década seguinte, o Cine Marrocos foi, num momento de grandes palácios cinematográficos, um padrão de luxo. Não por acaso, foi a sala escolhida para abrigar o Festival Internacional de Cinema de São Paulo, em 1954.
Se, com os anos, começou a sofrer a competição de novos e mais modernos cinemas, preservou intacto o prestígio de sua sala de espera de 400m2, a mais luxuosa e confortável entre os cinemas paulistas.
Com a progressiva deterioração do centro, sobretudo a partir da década de 70, o Marrocos aos poucos perdeu o seu lugar, tornando-se um cinema menos importante entre os lançadores (os preferidos dos distribuidores eram Marabá e Ipiranga, na avenida Ipiranga, e Art Palacio, na avenida São João).
Embora conservasse seu prestígio ao longo dessa década, o Marrocos não escapou à queda de público nos cinemas, nem, sobretudo, à decadência generalizada do centro e do circuito de salas da Cinelândia. Chegou a ser dividido em duas salas (o antigo "pullman", andar superior, tornou-se uma sala independente), ainda que um tanto precariamente.
Aos poucos, no entanto, suas instalações deterioravam-se e já prenunciavam o final. Mesmo nesse momento de agonia, no tempo em que o filme pornô entrou com força em São Paulo, nos anos 1980, o Marrocos preservava um quê da antiga majestade. Se não quando se entrava na sala de projeção, ao menos na já envelhecida, mas ainda suntuosa, sala de espera.


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