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DEPOIMENTO
Cinema não resistiu à degradação do centro de SP
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Construído ao longo dos
anos 1940 e inaugurado no início da década seguinte, o Cine
Marrocos foi, num momento
de grandes palácios cinematográficos, um padrão de luxo.
Não por acaso, foi a sala escolhida para abrigar o Festival Internacional de Cinema de São
Paulo, em 1954.
Se, com os anos, começou a
sofrer a competição de novos e
mais modernos cinemas, preservou intacto o prestígio de
sua sala de espera de 400m2, a
mais luxuosa e confortável entre os cinemas paulistas.
Com a progressiva deterioração do centro, sobretudo a partir da década de 70, o Marrocos
aos poucos perdeu o seu lugar,
tornando-se um cinema menos
importante entre os lançadores (os preferidos dos distribuidores eram Marabá e Ipiranga,
na avenida Ipiranga, e Art Palacio, na avenida São João).
Embora conservasse seu
prestígio ao longo dessa década, o Marrocos não escapou à
queda de público nos cinemas,
nem, sobretudo, à decadência
generalizada do centro e do circuito de salas da Cinelândia.
Chegou a ser dividido em duas
salas (o antigo "pullman", andar superior, tornou-se uma
sala independente), ainda que
um tanto precariamente.
Aos poucos, no entanto, suas
instalações deterioravam-se e
já prenunciavam o final. Mesmo nesse momento de agonia,
no tempo em que o filme pornô
entrou com força em São Paulo, nos anos 1980, o Marrocos
preservava um quê da antiga
majestade. Se não quando se
entrava na sala de projeção, ao
menos na já envelhecida, mas
ainda suntuosa, sala de espera.
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