São Paulo, terça, 19 de maio de 1998

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Especialistas defendem limite zero

da Reportagem Local

Especialistas em acidentes de tráfego consultados pela Folha acreditam que o limite de 0,6 g/l estipulado pelo Código Brasileiro de Trânsito é suave demais.
Para o presidente da Abramet, Fábio Racy, o Brasil deveria adotar o zero absoluto, como ocorre em países como o Japão e a Suécia.
"A sensibilidade ao álcool varia muito. Uma pessoa com 0,2 g/l pode estar completamente embriagada e outra com com 1 g/l pode estar sóbria", afirma.
O presidente da Abdetran, Antônio Carlos de Carvalho, é outro defensor do zero absoluto. "Uma pessoa que queira beber até 0,6 g/l pode acabar perdendo a medida.
Carvalho não acredita, no entanto, que uma lei mais rigorosa seria por si só suficiente para derrubar os altos índices de acidentes de trânsito causados pelo álcool.
Para mudar o comportamento ao volante, na opinião dele, é necessário investir pesado em educação e prevenção.
Segundo o coronel Ricardo Salgado, comandante interino do CPTran (Comando de Policiamento de Trânsito) de São Paulo, a implantação do novo código já contribuiu para uma redução do número de acidentes, mas a situação ainda está longe do ideal.

Fiscalização
O CPTran dispõe de 42 bafômetros para fiscalizar a cidade de São Paulo inteira. Como existem cerca de 5 milhões de carros na cidade, há um bafômetro para cada 119 mil motoristas.
De acordo com o coronel Salgado, o número é suficiente. "Sempre que um policial aborda um motorista com suspeita de estar alcoolizado, ele pode solicitar ao batalhão que um bafômetro seja deslocado até o local."
Salgado afirma que o bafômetro só é usado caso essa suspeita exista e sempre com o consentimento do motorista. "Apesar de o artigo 277 do novo código dizer que o motorista suspeito será submetido ao teste, ainda existem controvérsias jurídicas sobre a obrigatoriedade de ele submeter-se."
No ano passado, diz o coronel, o bafômetro deixou de ser usado por vários meses devido a processos que o CPTran sofreu.
O resultado disso pode ser percebido pelo aumento do número de autuações a motoristas alcoolizados entre os anos de 97 e 98. Este ano, de janeiro a abril, foram 25 -12 só no Carnaval. No ano passado inteiro, foram 24.



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