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TIROTEIO VERBAL
Em resposta, prefeito de São Paulo diz que seu antecessor lembra o senhor de "Casa Grande e Senzala"
Maluf diz para Pitta acordar cedo e trabalhar
ROGÉRIO GENTILE
da Reportagem Local
O tiroteio verbal entre o ex-prefeito Paulo
Maluf (PPB) e
seu sucessor,
Celso Pitta (ex-PPB), recomeçou ontem minutos após Maluf desembarcar no
aeroporto de Cumbica, às 6h.
Maluf afirmou que Pitta precisa
"começar a trabalhar" -"acordar
cedo e dormir tarde"- para escapar ao impeachment e recuperar o
respeito da população.
"Quando era meu secretário das
Finanças, ele (Pitta) funcionava.
Debaixo de mim, todos funcionam
porque eu cobro. Agora, quando
se viu sozinho, parece que ele não
teve o mesmo pulso, a mesma vontade e dinamismo", disse Maluf.
Em resposta, Pitta disse que o ex-prefeito lembra um senhor feudal e
que "ele deveria respeitar, pelo
menos neste mês da abolição, a raça negra" (leia texto abaixo).
Na entrevista, concedida no saguão do aeroporto, Maluf respondeu a algumas perguntas em tom
professoral e irônico, como estivesse se dirigindo diretamente ao
prefeito paulistano.
"Pitta, não adianta colocar culpa
nos outros. Comece a trabalhar.
Comece a lutar. Veja dentro de si
mesmo o que está errado e corrija", afirmou o ex-prefeito.
Maluf passou cerca de duas semanas na Europa. Esteve em Paris
e no principado de Mônaco, onde
no último domingo assistiu ao
Grande Prêmio de Fórmula 1.
Ele usou o fato de estar fora do
país como argumento para tentar
provar que não está trabalhando
em favor da cassação de Pitta, como o próprio prefeito acusa.
"Enquanto vocês pensavam no
impeachment, eu estava torcendo
na corrida pelo Rubinho (Barrichello)", afirmou.
O presidente do PPB disse que
Pitta mente ao dizer que ele está articulando a sua queda. "Pitta recebeu essa informação de alguém
mal informado. Se repete, está
mentindo", afirmou.
Ao ser questionado se estava
chamando Pitta de mentiroso, Maluf respondeu: "Mentiroso é quem
mente todos os dias. Ele está mentindo nesse caso. Não acho que seja compulsoriamente mentiroso".
Maluf deu a entender também
que, se realmente quisesse derrubar Celso Pitta, o impeachment seria aprovado com facilidade. "Tanto não estou por trás disso que o
prefeito tem o apoio de quase todo
o PPB. Se estivesse, pode ter certeza que o escore seria outro."
Ele disse que os parlamentares
estão liberados para votar de acordo com suas consciências. "Não
sou contra nem a favor. Nesse problema eu não me envolvo."
Disputa
Maluf e Pitta começaram a entrar
em conflito na campanha eleitoral
de 98, quando o ex-prefeito disputou e perdeu para Mário Covas
(PSDB) o governo do Estado.
Por causa dos baixos índices de
popularidade de Pitta, Maluf tentou desvincular a sua imagem da
do prefeito fazendo críticas a ele no
horário eleitoral gratuito.
O rompimento definitivo ocorreu em março, quando Pitta deixou o PPB após Maluf declarar que
não tinha nada a ver com a atual
administração -deixando toda a
responsabilidade sobre as irregularidades denunciadas na prefeitura nas costas do atual prefeito.
Ontem, Maluf voltou a dizer que
não tem nada a ver com o governo.
"Desde que deixei a prefeitura, estive apenas uma vez no Palácio das
Indústrias para dar um abraço no
Edevaldo (Alves da Silva, secretário de Governo de Maluf e de Pitta
na primeira metade da gestão)."
Maluf disse também que acabou
com os fantasmas da administração pública, ao responder a acusações de que ex-assessores de campanha recebiam salários da prefeitura sem trabalhar.
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