LUIZ FRANCISCO
CHRISTIANNE GONZÁLEZ
da Agência Folha, em Salvador

Chega a cinco o número de mortos em consequência do deslizamento de um barranco ocorrido anteontem em Salvador (BA). A quantidade de terra que caiu foi o equivalente a 500 caçambas de entulho. Nove pessoas ficaram feridas, três gravemente.
A queda de 3.000 toneladas de terra aconteceu no bairro do Lobato (periferia de Salvador). Em outros bairros da cidade, mais três pessoas morreram em desabamentos de barracos e casas em áreas de risco.
O barranco do bairro do Lobato estava incluído entre as 38 áreas de risco catalogadas pela Codesal (Coordenadoria de Defesa Civil de Salvador) e não havia obras de contenção de encostas no local.
O impacto causado pelo deslizamento foi tão forte que dois postes de iluminação pública e sete carros que estavam em um congestionamento na avenida Suburbana ficaram soterrados e destruídos.
Até mesmo uma madeireira, localizada no lado oposto do barranco, a 14 metros de distância, foi parcialmente destruída.
Os mortos são Benedito Melo, Leônico Santos (funcionários da madeireira), o motoqueiro Flávio Costa, Orlando Costa Oliveira e José Hermógenes Almeida (motoristas que estavam parados).
O acidente aconteceu por volta das 19h de anteontem, durante uma forte chuva. No momento do deslizamento, cerca de 80 pessoas faziam uma manifestação em frente ao barranco. Elas reivindicavam da prefeitura a realização de obras de infra-estrutura no bairro, um dos mais pobres da capital.
Os técnicos da Codesal suspeitam que infiltrações de água na encosta, mais a fragilidade do barranco causada por ocupações irregulares e desordenadas, possam ter provocado o acidente. O laudo oficial com as causas será divulgado na próxima semana.
"Ouvi um forte estrondo e pessoas gritando por socorro", disse o pedreiro Antonio Iran dos Santos, 29, que passava pelo local. Santos e mais cinco voluntários iniciaram os trabalhos de resgate das vítimas.
Três dos corpos foram encontrados de madrugada e dois na manhã de ontem. As duas pistas da avenida Suburbana foram desobstruídas. Segundo moradores, um funcionário da madeireira ainda estava soterrado no local.
"Só vamos suspender as buscas depois que todos os corpos forem encontrados", disse o coronel Walter Leite, comandante do Copom (Comando de Policiamento da Capital). Não havia previsão para o término dos trabalhos. Ontem à noite, técnicos faziam buscas por corpos dentro da madeireira. "A prefeitura vai dar toda a assistência às famílias envolvidas no acidente", disse o prefeito de Salvador, Antonio Imbasahy (PFL).


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