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ACIDENTE
Em Alagoa Grande e Mulungu ao menos três pessoas morreram e outras 1.600 estão desabrigadas, segundo a Defesa Civil
Barragem rompe e inunda cidades da PB
EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA
ADELSON BARBOSA
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA
A inundação decorrente de um
vazamento na Barragem de Camará (152 km a oeste de João Pessoa, na Paraíba) matou ao menos
três pessoas, duas em Alagoa
Grande e uma em Mulungu, e deixou outras 1.600 desabrigadas nos
dois municípios. Uma pessoa ainda era tida como desaparecida
ontem à noite.
Os dados são da Defesa Civil paraibana, que, até as 20h de ontem,
ainda não havia fechado um balanço. O próprio órgão divulgou
dados conflitantes ao longo de todo o dia, chegando a contabilizar
quatro mortes, 4.500 desabrigados e um número não definido de
desaparecidos.
Os municípios mais atingidos
pela enchente -Alagoa Grande e
Mulungu- ficam rio abaixo logo
depois da barragem, na região do
Estado conhecida como "brejo"
-que divide o litoral do sertão.
O abastecimento de água e a rede telefônica ficaram comprometidos ao longo de todo o dia de ontem nas duas cidades.
Em Mulungu, que já enfrentou
uma grande enchente em fevereiro, a rede elétrica foi totalmente
danificada. Estima-se que o município ficará 15 dias sem energia.
Alagoa Nova, onde fica a barragem, teve poucos estragos em casas na zona rural, pois a construção fica na parte baixa da cidade.
Araçagi, Alagoinha, Mamanguape e Rio Tinto, as duas últimas
já localizadas próximo ao litoral
paraibano, também sofreram
transtornos.
O vazamento
O secretário-adjunto de Recursos Hídricos do Estado, Sérgio
Góis, disse que o vazamento surgiu por volta das 20h de anteontem. Segundo ele, um buraco de
20 metros de altura por 15 metros
de largura surgiu da base para cima na parte esquerda da obra, na
junção entre o muro de concreto e
a lateral de solo e pedra, onde ela
se fixa.
Góis apontava ontem duas hipóteses como causas para o buraco: problema no projeto da barragem ou na execução da construção. Ele descartou que as chuvas
que atingem a região há três dias
tenham relação com o ocorrido.
O secretário-adjunto relatou
que por volta das 10h de ontem
quase todo o reservatório havia
secado. A barragem pode armazenar 26,5 milhões de m3 de água
(26,5 bilhões de litros). Antes do
vazamento, tinha 17 milhões de
m3 (64% da sua capacidade).
"A grande quantidade de água e
a velocidade com que ela atingiu o
rio [Mamanguape] foram os responsáveis pelas enchentes nas cidades e pelos estragos provocados", disse Góis.
A Defesa Civil não estimou
quanto o nível do Mamanguape
subiu acima do normal. O coordenador estadual do órgão, coronel Álvaro Vitorino de Pontes,
disse que em Alagoa Grande e
Mulungu, as primeiras duas cidades ao longo do rio depois da barragem, o nível da enchente ficou
em torno de 1,5 metro.
Além de inundar e provocar
mortes, a força das águas destruiu
a ponte que liga Alagoa Grande e
Areia. Não havia ontem estimativa dos prejuízos causados.
Humana e material
Diante da situação, que descreveu como "calamitosa", o governador da Paraíba, Cássio Cunha
Lima (PSDB), ligou para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedindo ajuda humana e material.
"O presidente foi extremamente
solidário e ágil nas providências.
Já tem medicamentos e mantimentos sendo deslocados para cá.
Recebi toda a solidariedade por
parte do presidente da República", disse o governador.
Segundo o subprocurador-geral
da Justiça da Paraíba, Doriel Veloso Gouveia, somente após a realização de investigação sobre os
motivos que causaram o rompimento o órgão irá se pronunciar
sobre possíveis ações judiciais.
Colaboraram RACHEL AÑON e MARTHA
ALVES, da Agência Folha
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