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Amigos de rapaz morto após Parada Gay fazem ato hoje
Marcelo Barros, 35, conhecido como Pan, foi espancado na noite de domingo, em uma rua do centro de São Paulo
Polícia investiga duas hipóteses para o crime: ação de neonazistas ou roubo no qual criminosos agrediram Barros para levar seu celular
DA REPORTAGEM LOCAL
Amigos e familiares do cozinheiro Marcelo Campos Barros, 35, o Pan, assassinado na
noite de domingo no centro de
São Paulo, realizarão hoje um
ato para protestar contra a violência. Segundo a polícia, Barros voltava da 13ª Parada Gay
quando foi agredido.
O ato será às 18h na Vila Madalena (zona oeste de SP), na
esquina das ruas Fradique
Coutinho e Aspicuelta. Os amigos de Barros dizem que o trânsito não será afetado.
Barros foi espancado no domingo e encontrado em estado
grave próximo a um ponto de
ônibus na rua Araújo, na região
central de São Paulo. Ele foi socorrido e levado à Santa Casa
de Misericórdia, mas morreu
na quarta-feira em decorrência
de um traumatismo craniano.
O enterro ocorreu ontem.
Segundo o delegado Aldo Galiano Júnior, duas motivações
para a morte de Barros são investigadas pela polícia.
Uma delas é que Barros tenha sido atacado por um grupo
neonazista de whitepowers,
que prega o ódio contra homossexuais, negros, nordestinos e
judeus. A outra é que o cozinheiro tenha sido vítima de ladrões que roubaram seu celular
-a carteira dele não foi levada.
Amigos da vítima, que pediram anonimato à Folha, disseram ter telefonado para Barros
no domingo à noite, após o crime, e afirmaram ter sido atendidos por um desconhecido.
Durante a chamada, os amigos
ouviram alguém dizer que havia "acabado com o negrinho".
Ontem, a Polícia Civil começou a investigar um grupo de
pessoas com características de
neonazistas (carecas, roupas
militares, coturnos etc.) que foi
visto ao passar por uma estação
da linha 3-vermelha, do metrô,
na noite de domingo, minutos
depois da morte de Barros.
Para checar as duas hipóteses para o crime, a polícia pedirá à Justiça a quebra do sigilo
telefônico de Barros. De acordo
com o delegado Galiano, existe
a suspeita de que o telefone celular do cozinheiro -bem como o chip do aparelho- tenha
sido vendido por quem o roubou em uma feira de artigos irregulares.
A partir de hoje, por conta da
suspeita de motivação homofóbica para a morte de Barros, a
Decradi (Delegacia de Crimes
Raciais e Delitos de Intolerância), setor especializado em crimes de intolerância, também
entrará na investigação.
Os amigos do cozinheiro disseram que ele era homossexual
e nunca havia se envolvido em
confusões. Eles também afirmaram acreditar que Barros
tenha sido vítima de crime de
intolerância.
Diferentemente da polícia,
os amigos do cozinheiro dizem
que ele não participou da Parada Gay. Na versão deles, o rapaz estava no local em que foi
atacado quando voltava de um
churrasco para sua casa.
Barros tinha três irmãs e morava em companhia da mãe na
Vila Madalena. Ele trabalhou
em diversos restaurantes do
bairro e participava da escola
de samba Pérola Negra.
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