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Gays são mais agredidos por policiais
De 290 casos de violência contra homossexuais registrados em Campinas (SP), 51 foram cometidos pela polícia
Chefes, funcionários públicos e do comércio também estão entre os agressores, segundo dados da prefeitura
MAURÍCIO SIMIONATO
DE CAMPINAS
Um levantamento sobre
violência contra homossexuais realizado em Campinas
(93 km de SP) e região mostrou que policiais militares e
guardas municipais estão
entre os principais agressores de lésbicas, gays, travestis, transexuais e bissexuais.
O Mapa da Violência e Discriminação LGTTB, elaborado pela prefeitura de Campinas, foi divulgado nesta semana durante uma audiência na Câmara Municipal da
cidade.
No total, foram registrados
290 casos de agressão, incluindo "agressões verbais".
Dessas, 51 foram cometidas
por policiais militares e guardas municipais da região.
O mapeamento foi realizado de janeiro de 2005 a maio
de 2010. Dos 290 casos, quatro resultaram em morte.
Os gays são os principais
alvos de agressões, com 145
casos. O tipo de violência
mais comum foi a agressão
verbal, com 129 casos.
Situações de violência física foram as mais registradas,
somando 65 casos, seguidas
por impedimento de entrada
em locais e ameaça.
O trabalho foi elaborado
pelo Serviço de Proteção Social Especial à População
LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), órgão da Prefeitura de
Campinas.
CHEFES
Pela pesquisa, 44 agressões foram cometidas na rua.
Em outros 23 casos, a violência (verbal ou física) foi praticada pelo chefe.
Há também casos de constrangimento ou intimidação
cometidos por pessoas que
trabalham no comércio ou
por funcionários de órgãos
públicos.
"Com estes dados, conseguimos ter uma noção
das agressões praticadas
contra esta população. Sabemos que os casos são
bem maiores que os registrados pois muitas pessoas
ainda temem denunciar",
afirma a coordenadora do
Serviço de Proteção à População LGBT, Valdirene
dos Santos.
De acordo com ela, no
caso de violência atribuída
à guarda municipal, os registros vieram de diversas
cidades da região, além de
Campinas.
MEDO
Para o jornalista Eduardo Gregori, militante do movimento LGTB da cidade, o
"medo" acaba reduzindo o
número de denúncias. "As
pessoas não denunciam ou
registram o caso como uma
briga comum e não como homofobia."
Procurado pela Folha, o
setor de comunicação da Polícia Militar, em Campinas,
informou que precisa analisar a pesquisa antes de se
manifestar oficialmente.
Mesmo não sendo citada
especificamente no estudo, a
Guarda Municipal de Campinas informou, por meio de
sua assessoria, que os guardas são treinados para impor
a autoridade sem precisar fazer uso de violência.
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