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Brasil seguirá usando agrotóxico banido
Apesar de vetos da Anvisa, produtos encontrados no feijão e no tomate ganham aval do Ministério da Agricultura
Substâncias presentes nas lavouras brasileiras estão relacionadas a problemas como câncer e má-formação fetal
VANESSA CORREA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Agrotóxicos proibidos em
vários países e já vetados no
Brasil pelo Ministério da Saúde devem continuar a ser
usados em alimentos comuns da mesa do brasileiro,
como arroz, feijão e tomate.
No final de 2009, a Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu banir cinco agrotóxicos ligados
a problemas como câncer e
má-formação fetal: triclorfom, cihexatina, acefato, endossulfam e metamidofós,
estes três últimos encontrados em alimentos no país.
Pela indicação do órgão do
Ministério da Saúde, o uso
seria diminuído gradativamente até que as substâncias
fossem totalmente eliminadas no final do ano que vem.
Em março deste ano, no
entanto, o Ministério da Agricultura publicou uma portaria na qual mantém o uso
desses compostos, por meio
do Plano Nacional de Manejo
do Risco de Agrotóxicos.
A ideia da pasta é só restringir a venda e impor mais
limites na aplicação, em vez
de eliminar as substâncias.
A medida é polêmica porque, pela lei, a palavra final
sobre o tema é das pastas da
Saúde e do Meio Ambiente, e
não da pasta da Agricultura.
No tomate, no alface e no
arroz, a utilização desses
agrotóxicos já é proibida,
mas, como os produtos estão
à venda no mercado, acabam
usados nesses alimentos.
No caso do feijão e do pimentão não há proibição,
mas os compostos são achados em quantidades acima
dos limites legais, segundo
pesquisas feitas pela Anvisa.
DOENÇAS NEUROLÓGICAS
Pesquisas recentes mostram a relação da exposição a
essas substâncias com doenças do sistema nervoso. Em
2008, um estudo de uma universidade americana mostrou que 61% dos pacientes
com mal de Parkinson relataram contato com a aplicação
desses produtos tóxicos.
Neste ano, a Academia
Americana de Pediatria fez
uma pesquisa com 1.100
crianças e constatou que as
119 que apresentaram transtorno de deficit de atenção tinham resíduo de organofosforado (molécula usada em
agrotóxicos) na urina acima
da média de outras crianças.
Em 2009, foi usado 1 milhão de toneladas de agrotóxicos em lavouras do país.
Ou seja, 5 kg por brasileiro.
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