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USP aumenta em 85% gastos com terceirização
Medida é estratégia para enfraquecer sindicato e paralisações, dizem grevistas
Juristas se dividem sobre a legalidade ou não da contratação
de empresas privadas pelo setor público
TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO
A USP aumentou em 85%
os gastos com empresas terceirizadas na universidade
nos últimos dois anos.
O crescimento da terceirização é, ao lado da questão
salarial, um dos principais
assuntos discutidos na atual
greve de funcionários, iniciada em 5 de maio.
Para os servidores grevistas, a contratação de empresas privadas faz parte da estratégia da universidade de
enfraquecer o sindicato e as
greves, praticamente anuais.
A questão é polêmica: há
juristas que consideram a
contratação de empresas privadas pelo setor público inconstitucional; outros, não.
Desde 2008, os gastos totais da universidade subiram
25%. Já o gasto com a folha
de pagamento dos servidores
e professores, 23%.
No início da década de
1990, a USP tinha mais de 17
mil funcionários. Hoje, o números é menor que 16 mil. No
período, criou-se a USP Leste. A USP não forneceu o total
de servidores terceirizados.
A possibilidade de contratação externa aumentou, segundo os grevistas, depois
que foi alterada a nomenclatura de alguns cargos. Marceneiro e pintor, por exemplo,
viraram auxiliar de manutenção e obras.
Só podem ser contratados
serviços externos para os
quais não haja funcionários
na universidade. Com a mudança da nomenclatura, a
universidade passa a poder
contratar pintores terceirizados, afirma o sindicato.
Com isso, há funcionários
que exercem a mesma função, mas com salários diferentes. O piso de um vigia terceirizado é de R$ 909. Já o piso de um agente de vigilância
concursado na USP é de R$
1.210, mais auxílios que chegam a passar de R$ 500.
"A nossa principal luta hoje é contra a terceirização.
Primeiro, porque eles querem nos substituir. Segundo,
porque terceirizar tem sido o
principal objetivo dos reitores para enfraquecer o sindicato ", diz Magno de Carvalho, diretores do Sintusp
(Sindicato dos servidores).
INCONSTITUCIONAL
Para Jorge Luiz Souto
Maior, professor de direito do
trabalho na USP, a terceirização de serviços no setor público é inconstitucional, pois
deve haver concurso público
(leia mais ao lado).
Já André Ramos Tavares,
professor de direito constitucional da PUC-SP e do Mackenzie, considera que não.
Mas aponta que a terceirização tem limitações: a universidade não pode terceirizar
serviços para os quais ela foi
criada. "Não poderia, por
exemplo, contratar professores terceirizados."
GREVE
Há 11 dias, os funcionários
grevistas invadiram a reitoria
em protesto contra o corte de
salário de grevistas.
Na segunda-feira, eles devem se reunir com a reitoria
para negociar o fim da greve
e da invasão.
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