São Paulo, quinta, 19 de junho de 1997.



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HISTÓRIA
Escavações na região da Faria Lima, em São Paulo, serão vagarosas para evitar dano aos vestígios históricos
Sítio arqueológico pode atrasar metrô

Eduardo Knapp/Folha Imagem
Terminal rodoviário do Largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo


CRISPIM ALVES
da Reportagem Local

Obras da linha 4 do Companhia do Metropolitano (que vai ligar a Luz, região central de São Paulo, à Vila Sônia, região sudoeste) podem atrasar por causa da possibilidade de existir um sítio arqueológico na região de Pinheiros.
A hipótese de a região por onde vão passar túneis do metrô abrigar um sítio arqueológico é muito grande, de acordo com arqueólogos ouvidos pela Folha. Isso porque o bairro de Pinheiros foi formado por índios e jesuítas.
Pelo projeto original da linha 4, será construída uma estação (a Faria Lima) no largo da Batata. As obras, cuja licitação será lançada em dezembro, devem começar no meio do próximo ano.
Ontem, o presidente do Metrô, Paulo Goldschmidt, declarou que, se o sítio existir, a possibilidade de atraso no cronograma da obra vai ser analisada no momento das escavações. "Tudo se definirá na hora. Por enquanto, não há nenhuma possibilidade (de atraso)", afirmou Goldschmidt, por meio de sua assessoria de imprensa.
Apesar da declaração, a Folha apurou que a hipótese de atraso no cronograma é grande, pois as escavações na região deverão ocorrer de forma lenta e cuidadosa, a fim de preservar ao máximo o sítio arqueológico, se ele for encontrado.

Escavações
O Metrô vai realizar escavações profundas no local, devendo atingir de 20 m a 30 m de profundidade. Um sítio arqueológico, segundo o professor Paulo Antonio de Blasis, do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, fica entre 4 m e 5 m abaixo da superfície.
No entanto, para poder escavar os túneis, o Metrô vai ter que fazer um posto de serviço, que será um buraco de cerca de 12 m de diâmetro no final da rua dos Pinheiros, perto da avenida Faria Lima. O posto vai servir para a construtora levar os equipamentos, como o tatuzão, para o subterrâneo.
"A região tem um alto potencial arqueológico", afirmou Lúcia Cardoso de Oliveira Juliane, geóloga e arqueóloga do DPH (Departamento de Patrimônio Histórico) da Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo.
Lúcia acompanhou a construção de trecho da nova avenida Faria Lima, na região do Itaim Bibi. Segundo ela, foram encontrados fragmentos de cerâmica colonial, provavelmente do século 18. "Vamos exigir um acompanhamento arqueológico das obras do Metrô."
"É recomendável que eles perfurem bem devagar e observem muito", declarou Blasis. Segundo ele, a possibilidade de serem encontrados elementos arqueológicos é muito grande. Ele acredita que o subsolo da região contenha fragmentos de cerâmicas, urnas funerárias, ossos, ferramentas ou armas de pedra indígenas.



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