São Paulo, quinta-feira, 19 de julho de 2001

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ACIDENTE

Incêndio teria sido causado por curto-circuito; estrutura do Antártica levará até cinco meses para ser recuperada

Fogo desabriga 28 famílias e fecha viaduto

DA REPORTAGEM LOCAL

O incêndio que tomou conta do viaduto Antártica, na Barra Funda (zona oeste), das 20h de anteontem à 1h de ontem levou à interdição da via e fez com que 28 famílias ficassem desabrigadas.
Não houve mortos nem feridos entre as mais de cem pessoas que viviam no local. A Polícia Civil fazia ontem perícia para apontar os motivos do incêndio.
Para o superintendente de obras da Secretaria da Infra-Estrutura Urbana, Ricardo Rezende Garcia, o grande número de ligações elétricas clandestinas (gatos) pode ter causado curto-circuito, que seria a causa do incêndio.
O acúmulo de papel e ferro, coletado por moradores, muitos carroceiros, poderia ter ajudado na propagação das chamas.
O secretário municipal da Assistência Social, Evilásio Farias, pôs à disposição das famílias um clube da extinta CMTC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos) como albergue. Elas deverão ser cadastradas em um programa municipal de habitação. "Cada viaduto de São Paulo é uma bomba relógio. Explode um a cada semana ou mês", disse Farias.
Para o secretário municipal da Habitação, Paulo Teixeira, o local já era uma área de risco.
O viaduto Antártica estava há um ano e meio parcialmente bloqueado para obras de recuperação. Agora, ficará totalmente fechado por até cinco meses, segundo o secretário da Infra-Estrutura Urbana, Roberto Bortolotto.
Vigas e pilares foram danificados pelo fogo. Os reparos ocorrerão com as obras de recuperação que já vinham sendo executadas.
Ontem de manhã, moradores tentavam retirar os poucos objetos não consumidos pelo fogo. Sílvio Monteiro, 36, carroceiro, vivia sob o viaduto há dois anos com a mulher e três filhas pequenas. "Perdi tudo que construí. Só estou com a roupa do corpo."
Segundo Márcia Maria, 36, o fogo quase atingiu a rede elétrica. "As chamas eram imensas. Achei que tudo isso aqui fosse explodir."
Ela se recusava a ir para um albergue. "Prefiro dormir na rua. A gente dorme lá um tempo e depois não sabe onde eles vão colocar a gente. Só saio daqui pra uma casa, que é meu direito."
O incêndio complicou o trânsito na região, já que o viaduto liga as zonas norte e oeste da capital.


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