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EDUCAÇÃO
Eunice Durham sai do CNE após decreto que tirou poder do conselho
Amiga do presidente deixa governo
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
A antropóloga Eunice Ribeiro
Durham entregou anteontem
carta ao ministro da Educação,
Paulo Renato Souza, pedindo sua
demissão do CNE (Conselho Nacional de Educação). Ontem, o
ministro aceitou o pedido. Ele nomeará a secretária da Educação
do Estado de São Paulo, Rose
Neubauer, 55, para seu lugar.
Eunice, pesquisadora do Nupes
(Núcleo de Pesquisa sobre Ensino
Superior) da USP, é amiga de
Paulo Renato e do presidente Fernando Henrique Cardoso.
No início do primeiro mandato
de FHC, comandou a Secretaria
de Política Educacional do MEC.
Ela foi uma das maiores defensoras do sistema de avaliação implementado em 1996 pelo governo,
cuja face mais visível é o provão.
Ultimamente, seus votos no
conselho costumavam ser diferentes de posições do ministério.
Em sua carta, enviada também
para o presidente, Eunice afirmou
que a concordância que ela e o
ministro tinham em assuntos do
ensino básico não se repetia em
relação ao ensino superior.
Conselheiros ouvidos pela Folha relataram que a gota d'água
para o pedido de demissão foi o
decreto do MEC que tira poder do
conselho e centraliza no ministério as decisões sobre fechamento
e avaliação de cursos.
A Folha entrou em contato com
Eunice, que afirmou que, "por
uma questão ética", preferia não
falar sobre o assunto, para que o
presidente "não fosse informado
pelos jornais de sua demissão".
Mas antecipou que sua saída era
também um protesto contra as
acusações "falsas" feitas ao CNE.
O conselho tem sido acusado
por instituições de ensino e por
meio de reportagens veiculadas
com mais frequência nos últimos
dois anos de atender a interesses
de universidades particulares, facilitando a abertura de novos cursos superiores no Brasil.
A nova conselheira, Rose Neubauer, é secretária de Educação
desde o primeiro governo de Mário Covas, em 1995. Ela é filiada ao
PSDB e pesquisadora sênior da
Fundação Carlos Chagas, em São
Paulo, além de professora da Faculdade de Educação da USP.
Esta não foi a primeira vez que
um amigo de FHC decide deixar o
CNE. Em 1997, o filósofo José Arthur Giannotti saiu do conselho
após discordar da transformação
da faculdade Anhembi Morumbi,
de São Paulo, em universidade.
Para a vaga de Giannotti, foi escolhida Eunice, que agora deixa o
CNE para dar lugar a Rose.
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