São Paulo, quinta-feira, 19 de julho de 2001

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EDUCAÇÃO

Eunice Durham sai do CNE após decreto que tirou poder do conselho

Amiga do presidente deixa governo

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

A antropóloga Eunice Ribeiro Durham entregou anteontem carta ao ministro da Educação, Paulo Renato Souza, pedindo sua demissão do CNE (Conselho Nacional de Educação). Ontem, o ministro aceitou o pedido. Ele nomeará a secretária da Educação do Estado de São Paulo, Rose Neubauer, 55, para seu lugar.
Eunice, pesquisadora do Nupes (Núcleo de Pesquisa sobre Ensino Superior) da USP, é amiga de Paulo Renato e do presidente Fernando Henrique Cardoso.
No início do primeiro mandato de FHC, comandou a Secretaria de Política Educacional do MEC. Ela foi uma das maiores defensoras do sistema de avaliação implementado em 1996 pelo governo, cuja face mais visível é o provão.
Ultimamente, seus votos no conselho costumavam ser diferentes de posições do ministério. Em sua carta, enviada também para o presidente, Eunice afirmou que a concordância que ela e o ministro tinham em assuntos do ensino básico não se repetia em relação ao ensino superior.
Conselheiros ouvidos pela Folha relataram que a gota d'água para o pedido de demissão foi o decreto do MEC que tira poder do conselho e centraliza no ministério as decisões sobre fechamento e avaliação de cursos.
A Folha entrou em contato com Eunice, que afirmou que, "por uma questão ética", preferia não falar sobre o assunto, para que o presidente "não fosse informado pelos jornais de sua demissão". Mas antecipou que sua saída era também um protesto contra as acusações "falsas" feitas ao CNE.
O conselho tem sido acusado por instituições de ensino e por meio de reportagens veiculadas com mais frequência nos últimos dois anos de atender a interesses de universidades particulares, facilitando a abertura de novos cursos superiores no Brasil.
A nova conselheira, Rose Neubauer, é secretária de Educação desde o primeiro governo de Mário Covas, em 1995. Ela é filiada ao PSDB e pesquisadora sênior da Fundação Carlos Chagas, em São Paulo, além de professora da Faculdade de Educação da USP.
Esta não foi a primeira vez que um amigo de FHC decide deixar o CNE. Em 1997, o filósofo José Arthur Giannotti saiu do conselho após discordar da transformação da faculdade Anhembi Morumbi, de São Paulo, em universidade.
Para a vaga de Giannotti, foi escolhida Eunice, que agora deixa o CNE para dar lugar a Rose.


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