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Em conversa gravada, preso conta que importa 1 t de cocaína por mês
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
Em gravação divulgada ontem
pelo Ministério Público Estadual,
o traficante Marcos Antônio da
Silva Tavares, o Marquinho Niterói, preso em Bangu 1 (zona oeste
do Rio), afirma a um cliente que
importa uma tonelada de cocaína
pura por mês e possui 58 "firmas", ou seja, 58 pontos-de-venda de droga no Estado do Rio.
Ele é um dos quatro traficantes
presos na unidade que foram denunciados ontem pelo procurador-geral de Justiça, José Muiños
Piñeiro Filho, pela suposta prática
de associação para o tráfico de
drogas. A pena vai de três anos a
dez anos de prisão.
"O Marquinho Niterói e o Luiz
Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar [preso também
em Bangu 1", são os dois grandes
importadores e distribuidores de
substâncias entorpecentes e de armas no Estado do Rio de Janeiro",
afirmou o procurador.
Ricardo Chaves de Castro Lima,
o Ricardo Fu ou Playboy, Adair
M. Duarte, o Aldair da Mangueira, e Márcio Silva Macedo, o Gigante, são os outros denunciados.
Ricardo Fu, segundo o Ministério Público, é gerente do tráfico
no centro do Rio e aparece em
gravações mandando comprar
granadas.
Ameaça de morte
"O trabalho dos promotores
permitiu que um jovem que estava sendo ameaçado de morte pelo
traficante fosse identificado e retirado, com sua mãe, da comunidade onde morava", afirmou Muiños Piñeiro.
O procurador não informou o
motivo das ameaças "para não
atrapalhar as investigações".
Também não confirmou se o jovem é ligado ao tráfico. Disse apenas que as investigações continuam e que "o importante é que
conseguimos salvá-lo".
Numa conversa gravada, Gigante, gerente do tráfico do Jacarezinho (Jacaré, zona norte), fica
sabendo que a venda de drogas
está prejudicada porque policiais
fazem buscas na favela por causa
das conversas telefônicas mantidas entre o cantor Marcelo Pires
Vieira, o Belo, e o traficante Waldir Ferreira, o Vado.
Desde o início do processo, já
foi pedida a prisão preventiva de
30 pessoas, até mesmo de acusados já presos. "Isso dificulta a
concessão de benefícios, como a
liberdade condicional", justificou
o procurador.
Muiños Piñeiro afirmou que as
mais de mil horas gravadas renderam cerca de um ano de investigações. As gravações foram feitas
nos meses de maio e junho, com
autorização da Justiça, pela PF
(Polícia Federal).
"Por estratégia, começamos as
denúncias com pessoas que estão
presas em Bangu 1. Mas serão oferecidas novas denúncias, contra
os mesmos traficantes e contra
outros de vários Estados", disse o
procurador, que na segunda-feira
já denunciara quatro presos, entre eles Marquinho Niterói e Fernandinho Beira-Mar.
Também haviam sido denunciados o traficante Marcos Marinho dos Santos, o Chapolim, e o
advogado Hélio Rodrigues Macedo, que tem Fernandinho Beira-Mar como cliente.
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