São Paulo, domingo, 19 de julho de 1998

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DEMOGRAFIA
A redução do número de jovens retrai a economia
População de Santos "encolhe" e envelhece

FAUSTO SIQUEIRA
da Agência Folha, em Santos

Santos, principal município do litoral paulista, vem perdendo população ano a ano, ao mesmo tempo em que cresce a quantidade de idosos e diminui a de jovens na cidade.
A conclusão é resultado de uma análise de estatísticas colhidas em diferentes fontes, que darão origem ao primeiro banco de dados com informações sócio-econômicas sistematizadas sobre a Baixada Santista.
O banco de dados está sendo montado por um grupo de professores, pesquisadores e alunos vinculados ao Nese (Núcleo de Estudos e Pesquisas Sócio-Econômicas), da Unisanta (Universidade Santa Cecília).
De acordo com o coordenador do núcleo, o professor e cientista político Alcindo Gonçalves, os habitantes com mais de 60 anos representam 14,31% da população de Santos (72 km a sudeste de São Paulo), enquanto a média do Estado de São Paulo para essa faixa etária é 8,29%.
Nos próximos dez anos, o desequilíbrio populacional tende a se agravar, conforme projeções do economista João Carlos Gomes, professor da Faculdade de Economia da UniSantos (Universidade Católica de Santos) e autor de "Juventude e Desemprego no Século 21", trabalho cujo foco é a Baixada Santista.
Segundo ele, mantidas constantes as taxas atuais, em dez anos a faixa de pessoas com mais de 55 anos na cidade crescerá dos atuais 18% para 25% da população e o segmento entre 0 e 14 anos diminuirá dos atuais 21% para 15%. "Vão sobrar vagas nas escolas públicas", afirmou Gomes.
Para Gonçalves, Santos vive um impasse: associada à crise de desemprego no país, a tendência de haver mais idosos e menos jovens gera retração na atividade econômica, que, por sua vez, alimenta um êxodo cada vez maior de jovens em busca de trabalho em outras regiões -causando a redução da população. "É um círculo vicioso horroroso", declarou.
A decadência da economia local se reflete na variação do Valor Adicionado (VA), um indicador que mede o acúmulo de riqueza que determinada região obtém a partir da comercialização de produtos. Conforme dados da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), o VA da região de Santos sofreu uma redução de 28,8% em 15 anos.
Em 1980, o VA santista representava 4,61% do total do Estado de São Paulo. Caiu para 3,76% em 1985, reagiu para 3,81% em 1990 e desabou para 3,28% em 1995.
Segundo Gomes, o principal impacto provocado por essa situação atinge o setor de comércio e serviços, responsável por 80% da atividade econômica em Santos.



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