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CONTAMINAÇÃO
Inquérito apura responsabilidades pelo acidente ambiental em Descoberto (MG); metal tóxico vazou para rios
Ação contra mercúrio é lenta, diz Promotoria
SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A DESCOBERTO (MG)
O promotor Hélvio Simões Vidal, que pediu a abertura de inquérito civil público para apurar
as responsabilidades pela contaminação por mercúrio registrada
no município de Descoberto (a
370 km de Belo Horizonte), criticou a demora das autoridades estaduais e municipais em apresentarem soluções para o problema.
De acordo com Vidal, os órgãos
ambientais de Minas Gerais não
estão trabalhando em parceria. O
mercúrio é nocivo ao organismo
humano. Causa deformação em
fetos e doenças neurológicas que
não têm cura.
"Existe uma morosidade proveniente da desinformação e da ausência de trabalho conjunto dos
órgãos ambientais", afirmou o
promotor, lotado na comarca de
São João Nepomuceno, município a 10 km de Descoberto.
Como a Folha revelou ontem,
uma área rural de Descoberto está
contaminada pelo mercúrio que
começou a brotar da terra em dezembro passado. Nove meses depois, a área ainda não foi isolada.
No local, funcionou no século 19
um garimpo de ouro. O mercúrio
era usado na exploração do veio.
O metal já atingiu o córrego Rico, que passa a 15 m do local do
afloramento, e até o reservatório
de água de São João Nepomuceno, que interrompeu a captação
que fazia no ribeirão do Grama. O
córrego deságua no ribeirão.
Para Vidal, os órgãos ambientais ainda não apresentaram ao
Ministério Público de Minas uma
avaliação da extensão dos danos.
O local não foi periciado por órgãos técnicos. Ele disse que pedirá
à Procuradoria Geral do Estado
que envie peritos a Descoberto.
"Ainda não sei a quem imputar as
responsabilidades. Os órgãos técnicos têm de me dar um diagnóstico, com causas e soluções. Há
um ineditismo na questão."
O prefeito de São João Nepomuceno, Célio Ferraz (PMDB),
defendeu o isolamento da área
afetada. A Feam (Fundação Estadual de Meio Ambiente) determinou que o foco de mercúrio seja
interditado em um raio de 250 m.
Até agora, não houve a interdição.
"É muito fácil, mas a parte técnica começa a tumultuar sem necessidade", disse.
Para o técnico ambiental da Prefeitura de Descoberto, Bruno
Louzada, a solução não é tão simples. "Fizemos nossa parte, colocando placas advertindo para o
perigo da contaminação e proibindo a pesca e o banho. O Estado
precisa ajudar no resto."
A Feam informou que está
atuando e que técnicos devem
voltar na semana que vem a Descoberto para tratar da interdição
da área, onde mora uma família
de agricultores.
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