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São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2003

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SAÚDE

Desativação de serviço obriga paciente a procurar clínico-geral em posto de saúde; prefeitura e Estado trocam acusações

Fim do disque-consulta provoca confusão

DA REPORTAGEM LOCAL

Pacientes preocupados, funcionários desinformados e um empurra-empurra entre a Prefeitura de São Paulo e o governo estadual na hora de assumir a responsabilidade pela situação. Essas foram algumas das consequências da desativação, ontem, do telefone 0800-556331, que permitia a qualquer usuário marcar uma consulta médica especializada.
A suspensão do disque-consulta, criado pelo governo estadual, é parte de um processo que repassa para a prefeitura a gestão plena dos atendimentos realizados pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
O objetivo é evitar que o paciente marque por conta própria consultas com especialistas. Todo paciente, agora, deverá ser encaminhado por um clínico-geral.
O problema é que, em muitos casos, o número de clínicos-gerais na UBS (Unidade Básica de Saúde) é insuficiente. Atualmente, a rede municipal possui 626 profissionais, distribuídos em 430 UBS, 15 hospitais e 20 ambulatórios de especialidade. Ontem, em uma UBS na Vila Alpina não havia sequer previsão de data para consultas com o clínico-geral.
Além disso, para implantar esse modelo, a prefeitura precisaria ter todas as unidades integradas em um sistema informatizado -que só estará pronto em janeiro.
Segundo Antônio Lira, gerente de regulação da Secretaria Municipal de Saúde, o ideal seria que a suspensão do 0800 ocorresse apenas quando o sistema já estivesse implementado. Mas, de acordo com ele, o "call center" teve que ser desativado antes a pedido do governo do Estado, que estaria com problemas para mantê-lo.
A Secretaria Estadual da Saúde nega. "Em nenhum momento a administração municipal pediu para adiar o início das operações", afirma o coordenador de Saúde da Grande São Paulo, Márcio Cidade Gomes.
Segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde, o "call center" era responsável por 34% da disponibilidade de consultas especializadas. Outros 36% eram provenientes de ambulatórios ligados à rede municipal e os 30% restantes, aos atendimentos encaminhados dentro de hospitais.

Longa espera
Na UBS Humberto Pascale, em Santa Cecília (centro), os pacientes que precisavam de uma consulta especializada eram orientados a voltar ao posto dentro de uma semana para saber se haviam conseguido uma vaga ou não. "Estamos pensando em telefonar para eles, mas, pelo volume de pessoas que atendemos, teríamos que ter mais funcionários para isso", afirma a enfermeira Perola Padovani, 40.
Para a dona-de-casa Geralda Rodrigues de Oliveira, 62, tanto a existência do 0800 quanto a falta dele são motivo de insatisfação. "Há um ano tento marcar consulta nesse 0800. Só dava ocupado. Agora, sem o 0800, como vou fazer? Terei que vir toda semana?", questiona ela, que ontem tentava marcar consulta em um posto no Jardim São Luís (zona sul).


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