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SAÚDE
Desativação de serviço obriga paciente a procurar clínico-geral em posto de saúde; prefeitura e Estado trocam acusações
Fim do disque-consulta provoca confusão
DA REPORTAGEM LOCAL
Pacientes preocupados, funcionários desinformados e um empurra-empurra entre a Prefeitura
de São Paulo e o governo estadual
na hora de assumir a responsabilidade pela situação. Essas foram
algumas das consequências da
desativação, ontem, do telefone
0800-556331, que permitia a qualquer usuário marcar uma consulta médica especializada.
A suspensão do disque-consulta, criado pelo governo estadual, é
parte de um processo que repassa
para a prefeitura a gestão plena
dos atendimentos realizados pelo
SUS (Sistema Único de Saúde).
O objetivo é evitar que o paciente marque por conta própria consultas com especialistas. Todo paciente, agora, deverá ser encaminhado por um clínico-geral.
O problema é que, em muitos
casos, o número de clínicos-gerais
na UBS (Unidade Básica de Saúde) é insuficiente. Atualmente, a
rede municipal possui 626 profissionais, distribuídos em 430 UBS,
15 hospitais e 20 ambulatórios de
especialidade. Ontem, em uma
UBS na Vila Alpina não havia sequer previsão de data para consultas com o clínico-geral.
Além disso, para implantar esse
modelo, a prefeitura precisaria ter
todas as unidades integradas em
um sistema informatizado -que
só estará pronto em janeiro.
Segundo Antônio Lira, gerente
de regulação da Secretaria Municipal de Saúde, o ideal seria que a
suspensão do 0800 ocorresse apenas quando o sistema já estivesse
implementado. Mas, de acordo
com ele, o "call center" teve que
ser desativado antes a pedido do
governo do Estado, que estaria
com problemas para mantê-lo.
A Secretaria Estadual da Saúde
nega. "Em nenhum momento a
administração municipal pediu
para adiar o início das operações", afirma o coordenador de
Saúde da Grande São Paulo, Márcio Cidade Gomes.
Segundo dados da Secretaria
Municipal da Saúde, o "call center" era responsável por 34% da
disponibilidade de consultas especializadas. Outros 36% eram
provenientes de ambulatórios ligados à rede municipal e os 30%
restantes, aos atendimentos encaminhados dentro de hospitais.
Longa espera
Na UBS Humberto Pascale, em
Santa Cecília (centro), os pacientes que precisavam de uma consulta especializada eram orientados a voltar ao posto dentro de
uma semana para saber se haviam
conseguido uma vaga ou não.
"Estamos pensando em telefonar
para eles, mas, pelo volume de
pessoas que atendemos, teríamos
que ter mais funcionários para isso", afirma a enfermeira Perola
Padovani, 40.
Para a dona-de-casa Geralda
Rodrigues de Oliveira, 62, tanto a
existência do 0800 quanto a falta
dele são motivo de insatisfação.
"Há um ano tento marcar consulta nesse 0800. Só dava ocupado.
Agora, sem o 0800, como vou fazer? Terei que vir toda semana?",
questiona ela, que ontem tentava
marcar consulta em um posto no
Jardim São Luís (zona sul).
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