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BARBARA GANCIA
A volta do inspetor Clouseau
Leio na coluna de Mônica
Bergamo de terça-feira que
Eduardo Suplicy, de novo, quer
dar uma de inspetor Clouseau. O
senador pretende ir a Bagdá "ajudar a diplomacia brasileira na investigação do caso do engenheiro
João José de Vasconcellos Jr.", seqüestrado por insurgentes em 19
de janeiro.
O nobre leitor que já está calejado pelos escândalos que regularmente eclodem no âmago da República deve se lembrar da outra
vez em que o garboso senador atacou de investigador. Foi à época
do escândalo dos "anões" do Orçamento, quando Suplicy viajou a
Nova York em diligência a fim de
descobrir o paradeiro de Ana Elizabeth Lofrano Santos, a mulher
do ex-diretor do Departamento de
Orçamento, José Carlos Alves dos
Santos, que desaparecera meses
antes. Enquanto o corpo de Ana
Elizabeth jazia em um terreno
baldio nos arredores de Brasília,
Suplicy corria atrás de pistas fornecidas por um jornaleiro tapuia
da rua 46, em Manhattan, mesmo
depois de o consulado brasileiro
em Nova York ter apurado que
Ana Elizabeth nunca requerera
visto para entrar nos Estados
Unidos.
O engenheiro brasileiro seqüestrado no Iraque está sempre nas
minhas conversas com o Todo Poderoso, e eu ainda guardo amarradas na grade do terraço da minha morada as fitas verde-amarelas que sua família pediu que a
população colocasse à vista. Mas
duvido que o senador Suplicy possa ser útil nas buscas para encontrá-lo, mesmo porque, no momento, ele tem deveres bem mais preementes do que fazer free-lance policial em Bagdá. A começar pelas
explicações que deve aos seus
eleitores.
Atente: em entrevista à "Veja"
desta semana, o jurista Hélio Bicudo corrobora as denúncias de
um dos fundadores do PT, o respeitado economista Paulo de Tarso Venceslau. Nos idos de 1995, em
cartas protocoladas enviadas a dirigentes do PT, com cópias para
Lula, José Dirceu, Eduardo Suplicy e Aloizio Mercadante, Paulo
de Tarso denunciou um esquema
de arrecadação de dinheiro junto
a prefeituras do PT, que seria operado por Roberto Teixeira, compadre de Lula. Depois de dois anos
sem obter respostas, o economista
resolveu falar ao jornalista Luiz
Maklouf Carvalho, do "Jornal da
Tarde". Assim que as revelações
de Paulo de Tarso se tornaram públicas, ele foi expulso do partido.
Na entrevista à "Veja", Bicudo
afirma que as evidências contra o
compadre de Lula são "claríssimas". Alô, senador Eduardo Suplicy! O senhor vai se explicar ou
buscar refúgio em Bagdá?
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