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WALTER CENEVIVA
Octavio Frias de Oliveira
Tenho para com Octavio a lembrança das lições de vida que me transmitiu e da acolhida fraterna e generosa
OS QUASE 40 anos de conhecimento e amizade com Octavio Frias de Oliveira justificam o título e explicam a própria coluna, pois aqui tenho escrito para
atender convite dele. A exemplar ligação profissional e de confiança se
aproxima do mesmo tempo de existência, desde o final dos anos 60 no
século passado. Tenho para com
Octavio a lembrança das lições de
vida que me transmitiu e da acolhida fraterna e generosa, em todos
os momentos.
Quando Teófilo Cavalcanti faleceu (jornalista, escrevia esta coluna,
juntamente com o exercício do magistério na Academia do Largo de
São Francisco), as "Letras Jurídicas" precisavam continuar. Octavio
me convidou para substituir Teófilo.
Já se solidificara a amizade com ele e
com seu sócio Carlos Caldeira Filho,
falecido em 1993. Aceitei e aqui estou, passados três decênios. Posso
contar ao leitor que ouvi várias vezes, no curso do tempo, referências à
escolha dos assuntos ou do rumo
dos comentários que escrevi. Envolveram aspectos legais, constitucionais, políticos e até econômicos. Neles, nunca, nem por sermos amigos,
nem por ser ele o dono do jornal,
nunca, foi-me pedido por Octavio ou
por alguém em seu nome para abordar o assunto de tal ou qual modo.
Essa é a linha reta de sua conduta,
cuja importância o leitor perceberá,
em jornal com o relevo nacional e
internacional da Folha.
Foi natural, portanto, o grande
número e a qualidade de pessoas
que encontrei, no Instituto Tomie
Ohtake, no lançamento do livro "A
Trajetória de Octavio Frias de Oliveira", de Engel Paschoal (Editora
Mega Brasil, 332 páginas), nesta
semana. Chamo atenção para três
pontos dessa biografia. Octavio e
Carlos, tendo comprado a Folha,
cuidaram, pensando comercialmente, de equipar o jornal com as
melhores rotativas existentes no
mercado mundial. Era necessário
levá-lo aos leitores. O processo de
distribuição ainda não contava
com o apoio do transporte aéreo. A
empresa formou frota de veículos,
que entregava o jornal feito aqui,
na alameda Barão de Limeira, dia
após dia, em bancas de grandes cidades distantes centenas de quilômetros, até as dez horas da manhã.
Acoplada a tais fatos industriais,
veio a melhora radical da qualidade
da Folha, sem a qual o equipamento não teria utilidade. Tudo foi reformulado e modernizado, na parte informativa, nos comentários,
na amplitude das opiniões emitidas, acolhendo tendências e pluralismo de idéias.
Acompanhei-o de perto na Fundação Cásper Líbero, que Octavio
presidiu a partir de 1968. Encontrou-a em período de sérias dificuldades financeiras, com repercussão em todos os setores. O equilíbrio econômico foi restaurado, a
televisão foi inaugurada, a rádio recebeu melhoramentos. São os veículos eletrônicos que mantêm a
fundação até o presente.
Evidente que em período tão
longo os fatos curiosos e divertidos
foram numerosos. Os momentos
de tensão também sobraram. Um
resumo de tudo, em poucas palavras, é impossível. Creio, porém,
que em discurso recente, quando
foi homenageado, Octavio Frias de
Oliveira sintetizou as linhas pessoais que o caracterizaram por todos os decênios em que o conheço:
"Não tenho outro testemunho a
oferecer, exceto a crença no trabalho, o gosto pela inovação e a confiança no futuro. Que sempre
haverá de ser melhor que o
presente".
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