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Justiça manda tirar do ar 4 comunidades suspeitas do Orkut
Decisão, da qual cabe recurso, visa páginas supostamente utilizadas para vender ou promover o uso de lança-perfume
Ministério Público Federal exige que a companhia dê informações sobre 29 criminosos que têm perfis no site de relacionamento
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça Federal de Minas
Gerais determinou o cancelamento de quatro comunidades
do Orkut acusadas de vender e
incentivar o uso de lança-perfume. Cabe recurso.
A decisão, do último dia 7 de
agosto, exige que a Google Inc.,
empresa responsável pelo Orkut -site de relacionamento
mais popular do país-, mantenha armazenadas as informações sobre as comunidades por
pelo menos um ano, para investigação. A multa para descumprimento é de R$ 334.131, o
equivalente em reais a 0,0001%
do lucro da Google Inc. durante
o ano de 2005.
A Google Inc. afirmou, no
processo, se dispor a cancelar
as comunidades. Procurada, a
empresa não quis se pronunciar sobre a decisão. Não respondeu, por exemplo, se havia
excluído as páginas do Orkut.
Uma busca no site, ontem, no
entanto, não retornou resultados -um indício de que as comunidades foram removidas.
Proibição
O pedido de cancelamento
foi feito pelo Ministério Público Federal no início de junho.
As comunidades são "Promoter - Lança-Perfume", "John
Lennon Winston", "Paulo
Dias" e "Bruno Bonfá", todas,
segundo a Procuradoria, relacionadas à divulgação de lança-perfume, cujo principal componente, cloreto de etila, é
proibido no país. "Maconha dá
larica [fome], loló dá enjôo, beber dá ressaca... Não adianta,
pra [sic] se divertir tem que
cheirar lança!!!", dizia uma das
páginas. "Procedendo-se à análise das comunidades, constatou-se a transgressão de direitos fundamentais, com elevado
grau de reprovação e censurabilidade de seu conteúdo", afirmou o procurador da República
Fernando de Almeida Martins,
do MPF de Belo Horizonte, para quem a manutenção das comunidades fomenta o crime.
Na próxima segunda-feira, o
Ministério Público Federal vai
entrar com uma ação contra a
Google em que pede o fechamento do escritório da empresa no país em caso de recusa ao
pedido de informações sobre
29 criminosos que mantêm páginas no site. "Eles [Google]
têm causado muitos obstáculos
para identificação dos criminosos", afirmou Sérgio Suiama,
procurador regional dos direitos do cidadão.
Segundo ele, a Google no
Brasil afirmava, inicialmente,
que as informações estão armazenadas nos Estados Unidos.
Recentemente, nomeou um
advogado para atender às solicitações judiciais. "Queremos é
que haja uma equipe para atender a esses pedidos, não um
único procurador", afirmou
Suiama. A empresa, em nota,
informou colaborar com a Justiça brasileira em processos
que envolvem crimes no Orkut.
A Procuradoria se baseia em
relatório da ONG Safernet, que
aponta a existência de cerca de
100 mil denúncias por crimes
de ódio, racismo e pornografia
infantil, entre outros.
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