São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2008

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Mosaico de Di Cavalcanti da fachada pode ser reconstituído, diz restaurador

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Preservado apesar do incêndio que devastou no domingo o teatro Cultura Artística, o mosaico de 48 metros de largura por 8 metros de altura assinado pelo artista plástico carioca Di Cavalcanti poderá ser restaurado ou inteiramente refeito -a diretoria esperava ontem um parecer técnico do que sobrou para decidir o destino da obra.
De acordo com o restaurador Júlio Moraes, que há cerca de quatro anos recuperou um mosaico de Di Cavalcanti no hotel Jaraguá, no centro de São Paulo, a reconstituição não é difícil.
"O mosaico [do hotel] estava bem estragado, faltavam peças, tinha umas quebradas, mas conseguimos novas da cor exata", conta Moraes.
Em outro caso, no Centro de Estudos Brasileiros da Cidade Universitária, onde era preciso transferir um mosaico do antigo saguão do prédio para um novo, Moraes retirou o conjunto de peças e o afixou em uma estrutura metálica.
"Ficou uma peça móvel. Eles estão construindo um novo prédio para o instituto e vamos transferi-lo de novo", explica.
De acordo com especialistas, o mosaico de Di Cavalcanti no Cultura Artística é o maior existente no Brasil. Inaugurado em 1950 por encomenda do arquiteto italiano Rino Levi (1901-1965), que projetou o prédio, a obra foi desenhada especialmente para a fachada.
"Se o mosaico for remontado em outro lugar, o valor cai. Eu avaliaria por algo entre R$ 6 milhões e R$ 8 milhões, dependendo do restauro", diz o diretor da Bolsa de Arte do Rio de Janeiro, Jones Bergamin.
Na opinião de Elisabeth Di Cavalcanti, filha do artista e detentora dos direitos autorais sobre suas obras, "é preciso usar o bom senso". "Hoje, os restauradores tendem a interferir o mínimo possível no original. Se você refaz o mosaico com peças novas, jamais vai ter o valor histórico da obra", diz.
No caso da obra do teatro, Elisabeth explica que não tem poder de decisão sobre seu destino. "O órgão responsável pelo tombamento [em processo] é quem deve resolver", diz ela.
A Vidrotil, fabricante dos mosaicos de vidro que compõem o mosaico, decidiu doar as peças, ou, em caso de desmonte, arcar com as despesas de recolocação. O diretor de marketing e design da empresa, Rogério Cordeiro, afirma que o metro quadrado dos mosaicos pode custar entre R$ 1.500 e R$ 3.000, sem levar em conta o valor histórico. "Quanto mais trabalhado é o desenho, mais cara é a recolocação. Se houver cores quentes, como laranja e vermelho, o preço também sobe."


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