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SÃO SEBASTIÃO
Está em processo na Câmara um projeto que prevê a construção de prédios com mais de 9 m de altura
Litoral norte discute verticalização
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
da Folha Vale
A ocupação desordenada, associada ao elevado crescimento populacional de 6,5% ao ano, praticamente esgotou a oferta de áreas
para empreendimentos imobiliários no litoral norte de São Paulo,
como revelam estudos de macrozoneamento da Secretaria de Estado de Meio Ambiente.
A pesquisa faz parte do Plano de
Gerenciamento Costeiro, que vai
transformar em lei as normas de
exploração da costa paulista.
A falta de planejamento criou
um impasse que abriu caminho
para a proposta de verticalização
de São Sebastião, onde a ausência
de uma política habitacional fez
com que aproximadamente 4.000
pessoas ocupassem morros e
áreas de preservação.
Última das cidades do litoral
norte onde é proibida a construção de edifícios, São Sebastião vive a polêmica da proposta de verticalização incluída no projeto do
plano diretor, formulado pela
prefeitura e em discussão na Câmara Municipal.
O projeto prevê a construção de
prédios com mais de nove metros
de altura, que é o que determina a
legislação atual.
O debate em torno da construção de edifícios na cidade, fundada no século 16, ganhou um contorno que expõe as diferenças entre a população local e os donos
de áreas nas praias onde os terrenos são mais caros, na costa sul.
""Pessoas que aparecem como
defensoras do meio ambiente são
as que invadiram mangues no
passado e agora não querem mais
ninguém disputando o espaço",
disse o vereador Heriberto Farias
de Queiróz (PMDB), um dos defensores da verticalização.
Um indicativo do nível de degradação da região é a poluição
dos cursos d'água que descem da
serra do Mar. Varia entre 79% e
91% o índice de riachos do litoral
norte que estão com os níveis de
poluição acima do permitido pelo
Conselho Nacional do Meio Ambiente, de acordo com a Cetesb.
Outro dado estatístico revela
que o número de veranistas é 2,5
vezes maior que a população do
litoral -cerca de 197 mil habitantes. Essa desproporção, segundo
o levantamento, afeta os sistemas
de abastecimento de água e energia e de coleta de esgoto.
""Manter vazios urbanos é caríssimo para a sociedade, embora
individualmente possa trazer lucro com a exploração imobiliária", diz Ermínia Maricatto, coordenadora da pós-graduação da
FAU (Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo) da USP.
Segundo o estudo, há pouco espaço livre nas praias mais nobres
-na costa sul de São Sebastião,
em Ilhabela e Ubatuba- para a
construção de casas de veraneio.
O diagnóstico derruba a tese defendida por vereadores de São Sebastião, que querem liberar a
construção de prédios em sete
praias do município.
Aliado à associações de moradores da costa sul, o prefeito de
São Sebastião, João Siqueira
(PSB), quer pressionar a Câmara
para não permitir a verticalização.
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