São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 2002

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Polícia Federal afasta delegados e agentes suspeitos de espancar presos

FREE-LANCE PARA A FOLHA

A PF (Polícia Federal) já afastou do serviço dois delegados e 16 agentes federais que estavam de plantão no fim de semana em que morreu o assistente de cozinha Antônio Gonçalves de Abreu, 32. Ele era acusado de ter matado o policial federal Gustavo Frederico Mayer Moreira, 37, na madrugada de 7 de setembro.
Os policiais afastados são suspeitos de ter espancado Abreu e outros dois presos, para vingar a morte do colega.
Abreu foi detido no mesmo dia da morte do agente. Horas depois foi encontrado na carceragem da PF no Rio (centro) com lesões provocadas por espancamento. Ainda foi levado para o Hospital Souza Aguiar (centro), onde morreu. A causa da morte foi traumatismo craniano e hemorragia.
Os delegados Marcelo Duval e Luiz Felipe Magalhães, assim como os 16 agentes, foram substituídos das funções que exerciam, mas permanecem, segundo a superintendência, realizando serviços burocráticos, enquanto o inquérito sobre a morte de Abreu é concluído.
O delegado Lorenzo da Hora, designado pela Corregedoria da Polícia Federal para apurar os fatos, já ouviu cerca de 30 pessoas.
O inquérito, que tem prazo para ser concluído até 9 de outubro, está sendo acompanhado por representantes do Ministério Público Federal e da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

Anistia Internacional
Os dois sobreviventes que estavam com Antônio Gonçalves de Abreu foram ouvidos pela Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio.
Segundo o presidente da comissão, deputado Chico Alencar, eles relataram que foram espancados com socos e golpes de porrete por policiais federais. "A ponto de o delegado de dia pedir para os agentes maneirarem, pois o cara já estava baleado", disse Chico Alencar, sobre o depoimento de um dos presos.
Segundo Alencar, o depoimento de Márcio Cerqueira foi tomado na quinta-feira da semana passada, no Hospital Penitenciário, onde se recupera de um tiro na perna. Samuel Cerqueira foi ouvido no presídio de Água Santa, na sexta-feira.
O documento com os depoimentos à comissão foram entregues anteontem ao superintendente da PF, Marcelo Itagiba. Também foi encaminhado à Anistia Internacional. Na segunda feira, o representante da Anistia no Brasil, Tim Kahill, chega ao Rio para acompanhar o caso.


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