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FESTA RELIGIOSA
Evento de inauguração de novo centro
judaico fez rabinos e fiéis ortodoxos dançarem e cantarem
Sinagoga utiliza trio elétrico para divulgar sede em Higienópolis
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Nem o judeu mais liberal imaginaria ver algum dia a Torá, o livro
sagrado do judaísmo, seguindo
um trio elétrico. Nem mesmo rabinos e fiéis ortodoxos cantando e
dançando pelas ruas, como em
um evento carnavalesco.
Na manhã de ontem, um trio
elétrico judaico foi utilizado no
evento de inauguração da sinagoga e centro judaico Bait, em Higienópolis, centro de São Paulo, e
proporcionou cenas inusitadas.
Judeus de kipá (solidéu) e abadá
(camiseta utilizada pelos foliões),
em uma mistura alegre das culturas judaica e brasileira, seguiram
o trio animados por um grupo de
música típica judaica.
A professora Hani Begun, de 30
anos, e seus cinco filhos pequenos
estavam entre as aproximadamente 1.500 pessoas que acompanharam o evento.
"Fiquei curiosa para conhecer a
nova sinagoga e ver como seria
um trio elétrico judaico", dizia antes da partida. "Acho importante
esse intercâmbio de costumes."
O percurso, que começou às 11h
e durou uma hora, foi acompanhado por vários moradores do
bairro das janelas de seus apartamentos e seguido a pé pelo rabino
da Bait, Isaac Michaan, responsável pela condução da Torá.
"A inauguração de uma nova sinagoga é sempre motivo de muita
festa. Resolvemos colocar um trio
elétrico na rua para dividir nossa
alegria e também homenagear a
cultura brasileira", disse.
"Além disso, a nossa missão é
atrair cada vez mais freqüentadores, já que 90% dos judeus de São
Paulo não vão a nenhuma sinagoga", afirma.
Ao chegar à Bait, no entanto,
nem todos que acompanharam o
trio puderam entrar. Isso porque
a capacidade do local é para 400
pessoas. Projetada pelo arquiteto
Michel Gorski, a sinagoga é iluminada por luz natural e rodeada de
vitrais produzidos por artistas da
comunidade judaica.
A arca sagrada -onde a Torá é
guardada- foi construída com
várias pedrinhas trazidas de Jerusalém. "Usamos as mesmas pedras na entrada, mas em seu estado bruto. No altar, elas foram polidas e ficaram brilhantes. Assim
como as pedras, queremos que as
pessoas saiam iluminadas daqui",
explicou Gorski.
Visita
Pouco depois do meio-dia, o
prefeito de São Paulo, José Serra
(PSDB), chegou para acompanhar a entrada da Torá na sinagoga. Com o kipá na cabeça, abraçado ao rabino e aos religiosos mais
antigos da comunidade, ele dançou coreografias judaicas ao redor do livro sagrado.
"É uma alegria estar aqui. A comunidade judaica tem grande
importância cultural e econômica
para São Paulo e merece uma sinagoga como essa", afirmou o
prefeito depois de colocar mais
uma pedrinha na arca sagrada.
Serra também conheceu os salões, a quadra e a biblioteca do
centro cultural e foi embora meia
hora depois.
A festa de inauguração continuou. No subsolo, foi aberta a exposição sobre os 150 anos do judaísmo no Brasil e, na sinagoga,
as danças continuaram, animadas
por uma banda típica.
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