São Paulo, segunda-feira, 19 de setembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FESTA RELIGIOSA

Evento de inauguração de novo centro judaico fez rabinos e fiéis ortodoxos dançarem e cantarem

Sinagoga utiliza trio elétrico para divulgar sede em Higienópolis

DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Nem o judeu mais liberal imaginaria ver algum dia a Torá, o livro sagrado do judaísmo, seguindo um trio elétrico. Nem mesmo rabinos e fiéis ortodoxos cantando e dançando pelas ruas, como em um evento carnavalesco.
Na manhã de ontem, um trio elétrico judaico foi utilizado no evento de inauguração da sinagoga e centro judaico Bait, em Higienópolis, centro de São Paulo, e proporcionou cenas inusitadas.
Judeus de kipá (solidéu) e abadá (camiseta utilizada pelos foliões), em uma mistura alegre das culturas judaica e brasileira, seguiram o trio animados por um grupo de música típica judaica.
A professora Hani Begun, de 30 anos, e seus cinco filhos pequenos estavam entre as aproximadamente 1.500 pessoas que acompanharam o evento.
"Fiquei curiosa para conhecer a nova sinagoga e ver como seria um trio elétrico judaico", dizia antes da partida. "Acho importante esse intercâmbio de costumes."
O percurso, que começou às 11h e durou uma hora, foi acompanhado por vários moradores do bairro das janelas de seus apartamentos e seguido a pé pelo rabino da Bait, Isaac Michaan, responsável pela condução da Torá.
"A inauguração de uma nova sinagoga é sempre motivo de muita festa. Resolvemos colocar um trio elétrico na rua para dividir nossa alegria e também homenagear a cultura brasileira", disse.
"Além disso, a nossa missão é atrair cada vez mais freqüentadores, já que 90% dos judeus de São Paulo não vão a nenhuma sinagoga", afirma.
Ao chegar à Bait, no entanto, nem todos que acompanharam o trio puderam entrar. Isso porque a capacidade do local é para 400 pessoas. Projetada pelo arquiteto Michel Gorski, a sinagoga é iluminada por luz natural e rodeada de vitrais produzidos por artistas da comunidade judaica.
A arca sagrada -onde a Torá é guardada- foi construída com várias pedrinhas trazidas de Jerusalém. "Usamos as mesmas pedras na entrada, mas em seu estado bruto. No altar, elas foram polidas e ficaram brilhantes. Assim como as pedras, queremos que as pessoas saiam iluminadas daqui", explicou Gorski.

Visita
Pouco depois do meio-dia, o prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), chegou para acompanhar a entrada da Torá na sinagoga. Com o kipá na cabeça, abraçado ao rabino e aos religiosos mais antigos da comunidade, ele dançou coreografias judaicas ao redor do livro sagrado.
"É uma alegria estar aqui. A comunidade judaica tem grande importância cultural e econômica para São Paulo e merece uma sinagoga como essa", afirmou o prefeito depois de colocar mais uma pedrinha na arca sagrada.
Serra também conheceu os salões, a quadra e a biblioteca do centro cultural e foi embora meia hora depois.
A festa de inauguração continuou. No subsolo, foi aberta a exposição sobre os 150 anos do judaísmo no Brasil e, na sinagoga, as danças continuaram, animadas por uma banda típica.


Texto Anterior: Educação: Polêmica trava doação de uniformes para alunos de escolas de São Paulo
Próximo Texto: Mortes
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.