|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SP viola lei ao omitir dados de violência, diz advogado
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo do Estado de São
Paulo transgride normas constitucionais ao não divulgar todos os dados referentes à violência e ao número de detentos
em cada unidade prisional, afirmou ontem o advogado Mauricio Zanoide de Moraes, que é
ex-presidente do IBCCrim
(Instituto Brasileiro de Ciências Criminais).
Como a Folha revelou ontem, a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) e a
SSP (Secretaria da Segurança
Pública) vêm restringindo o
acesso às informações. Desde o
mês de maio, a SAP não divulga
a lotação dos presídios do Estado sob a alegação de que se trata de uma norma de segurança.
Já a Secretaria de Segurança
Pública deixou de divulgar, em
agosto, dados sobre violência
por município ou por bairro da
capital paulista.
"A regra constitucional é que
todas as informações têm de
ser públicas. Eventualmente,
pode ser que a informação não
seja repassada, mas é preciso
que haja uma justificativa razoável", diz Moraes, professor
de processo penal da Universidade de São Paulo.
Segundo ainda o advogado, é
improvável que a omissão de
dados e de estatísticas sobre
presídios possa ter algum efeito contra a violência.
Dizendo desconhecer como
são divulgados em São Paulo,
José Carlos Dias, ex-ministro
da Justiça no governo Fernando Henrique Cardoso, afirma
considerar importante que a
população tenha acesso aos dados, sobretudo sobre a criminalidade em cada cidade e região. "É importante que as pessoas estejam alertadas [sobre
locais de risco]. Não vejo motivo para que essas informações
não sejam divulgadas."
Para o ex-ministro, "não é
possível fazer um trabalho sério de segurança pública sem
dados também sérios".
O coronel José Vicente da
Silva Filho, ex-secretário Nacional de Segurança Pública e
consultor da área na campanha
do governador José Serra
(PSDB), diz que não é política
do governo esconder informações. "Ao contrário. Está sendo
feita uma revisão dos dados para verificar se não houve lançamentos indevidos. Não há intenção de esconder nada, até
porque os resultados são muito
positivos", disse ele.
Texto Anterior: Vendedora é esfaqueada em carro lotado Próximo Texto: MEC retira da rede pública livro didático que exalta Mao Índice
|