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Antiinflamatório "top" no Brasil é proibido na Austrália
Dois pacientes que usavam o Prexige, 2º mais vendido em sua categoria, morreram
Dois brasileiros tiveram problemas no fígado; laboratório Novartis diz que remédio é seguro e que houve uso inadequado
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo da Austrália proibiu a venda do medicamento
Prexige, para tratamento de
dores e problemas de artrite,
após a morte de dois pacientes
que usavam a droga no país. Fabricado pelo laboratório suíço
Novartis, o remédio é o segundo mais vendido do Brasil em
sua categoria.
A decisão ocorreu após o relato de oito casos de problemas:
dois no Brasil, cinco na Austrália e um na Argentina. Dois dos
pacientes tiveram de transplantar o fígado.
O gerente médico do laboratório no Brasil, João Navarro,
diz que, "na grande maioria dos
casos, houve utilização por
tempo longo com dose não recomendada pela Novartis".
Ele diz que na Austrália, por
exemplo, a menor dose -100
mg, recomendada para tratamentos longos- tinha sido
aprovada pouco antes de o medicamento ser proibido. Na
maioria dos casos dos pacientes
que reagiram à droga, foi usada
a dose de 200 mg por tempo
maior que o recomendado pela
empresa. No Brasil, o medicamento é vendido na apresentação de 100 mg e 400 mg.
"O remédio é seguro, e a Novartis monitora o seu uso em
todo o mundo. Mas, como todos dessa linha, tem algumas
contra-indicações e precisa ser
usado e receitado adequadamente", afirma Navarro.
O Prexige está em mais de 50
países. No Brasil, a venda foi
aprovada em 2005 pela Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Dois anos depois,
ele está em segundo lugar na
classe de antiinflamatórios e
anti-reumáticos. A categoria
vendeu cerca de 6 milhões de
unidades em 2007 (até agosto).
A Anvisa pediu dados à Novartis e diz estar revisando as
"novas informações de segurança relacionadas a eventos
adversos hepáticos graves em
pacientes que usam o Prexige".
Apesar da precaução, a agência afirma que os pacientes brasileiros que tiveram problemas
no fígado melhoraram após a
suspensão do remédio. Havia,
porém, "outros fatores que
contribuíam para o agravamento do dano", como o uso
exagerado da droga e histórico
de problemas hepáticos.
Em um dos casos, o paciente
tomava uma dose quatro vezes
maior que a prescrita. A Anvisa
não divulga o nome deles nem
dá mais informações.
A bula do Prexige, diz a Anvisa, cita a chance de "eventos adversos hepáticos" e ressalta a
contra-indicação em pacientes
com problemas de fígado.
Além da Austrália, o Prexige
enfrenta problemas nos Estados Unidos. Desde 2002, a Novartis espera o aval do FDA (órgão que regula o uso de medicamentos no país). Para João Navarro, isso ocorre porque houve
problemas com produtos similares -caso do Vioxx, fora do
mercado desde 2004.
Médicos
Médicos brasileiros defendem o Prexige. O presidente da
Sociedade Brasileira de Clínica
Médica, Antonio Carlos Lopes,
diz que o remédio é bem aceito
e que o veto na Austrália pode
envolver uma disputa entre laboratórios. Segundo o presidente da Sociedade Brasileira
de Reumatologia, Fernando
Neubarth, não houve nenhum
alerta quanto ao Prexige.
Ambos dizem que todos os
medicamentos têm efeitos colaterais e que é ter preciso ter
critérios para prescrevê-los.
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