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ABASTECIMENTO
Tarifa mínima mais barata, de R$ 2,80, é cobrada no Ceará e a mais cara, de R$ 16,85, no Rio Grande do Norte
Preço da água varia até 500% nos Estados
MARCOS PIVETTA
da Reportagem Local
As tarifas de água no Brasil para
uso doméstico podem apresentar
variações de até 500% conforme a
companhia estadual de saneamento básico que presta o serviço de
abastecimento.
Levantamento da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do
Estado de São Paulo) mostra que,
em agosto passado, a conta mínima residencial de água nos Estados do país variava de R$ 2,80 na
Cagece (Companhia de Água e Esgoto do Ceará) a R$ 16,85 na Caern
(Companhia de Águas e Esgotos
do Rio Grande do Norte).
Não há lógica regional que explique essas diferenças. Os Estados
que apresentaram as contas mínimas mais cara e mais barata -respectivamente, Rio Grande do Norte e Ceará- são vizinhos.
No trabalho, que comparou as
tarifas mais elevadas das companhias estaduais (sem nenhum desconto e destinadas a domicílios da
classe média), foram encontradas
contas caras e baratas em todas as
regiões do país.
A segunda conta mínima residencial mais alta, por exemplo, foi
a da companhia gaúcha, Corsan,
de R$ 16,20 -três vezes mais cara
que a da Sabesp (R$ 5,50).
Esgoto
No valor das contas não está incluída a cobrança do serviço de esgoto. Quando há esse tipo de serviço, a tarifa de esgoto varia de 35% a
100% do valor da conta de água,
mudando o percentual de acordo
com cada Estado.
"É difícil comparar as contas,
pois a tarifa é determinada pela
política de cada Estado", disse José
Lúcio Machado, presidente da
Embasa (Empresa Baiana de
Águas e Saneamento) e da Aesbe
(Associação de Empresas Estaduais de Saneamento Básico).
Segundo Machado, "a maioria
das empresas está com tarifas subsidiadas" e há "custos diferenciados (de produção de água potável)
nas regiões do país".
Ele não soube, no entanto, precisar qual a diferença de custo que
existe entre captar, tratar e distribuir água no Nordeste e, por
exemplo, no Sudeste ou Sul.
Subsídios
Segundo o professor do departamento de engenharia hidráulica
da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo) Roberto
Max Hermann, cada Estado "põe
a tarifa que bem entende", prevalecendo em grande parte a "demagogia" social com o excesso de
subsídios em algumas regiões.
Na maioria dos Estados, a conta
mínima permite um consumo de
até 10 m3 de água por mês.
No caso da tarifa analisada da
Caern, a mais cara do país, o consumo permitido é um pouco
maior, de até 20 m3 por mês.
"Apenas as casas com mais de
100 m2 pagam essa tarifa mais elevada", disse Newton Pereira Rodrigues, presidente da Caern.
A Caern tem quatro tipos diferentes de tarifas residenciais
-uma social (para os mais pobres), outra para casas de até 50
m2, uma terceira para residências
de 51 a 100 m2 e uma quarta, mais
cara, para domicílios com mais de
100 m2.
Em São Paulo, a Sabesp possui
três tipos de tarifas -uma para favelas, outra para famílias que ganham até um salário mínimo e
meio e a normal, cuja conta mínima é de R$ 5,50.
Litoral
A empresa criou recentemente
um novo tipo de tarifa para o litoral paulista, mais cara e chamada
de sazonal, com conta mínima de
R$ 9,40 para consumo mensal de
até 10 m3.
Liminar judicial, no entanto,
ainda não permitiu a cobrança
dessa tarifa mais elevada das residências litorâneas.
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