São Paulo, sábado, 19 de outubro de 2002

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ESTIAGEM

Metade da área preservada, em Minas, foi atingida pelo fogo; em SP, recuperação de parque pode demorar até 30 anos

Termina incêndio na Serra da Canastra

RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Os cerca de 50 brigadistas e voluntários que combatiam o incêndio no Parque Nacional da Serra da Canastra, no sudoeste de Minas Gerais, conseguiram na tarde de ontem apagar o fogo que consumia a mata desde o dia 8.
De acordo com a avaliação da direção do parque, cerca de 35 mil hectares de mata, quase metade da área preservada, que é de 71,5 mil hectares, foram atingidos pelo fogo, que pode ter sido originado de uma ação criminosa de moradores da região ou de visitantes.
Entre os pontos afetados estão trechos das nascentes de rios importantes, como o São Francisco e o Araguari. A ação do fogo nas matas mineiras -que já tiveram mais de 2.000 focos de incêndio só neste mês, de acordo com o Corpo de Bombeiros- vem sendo reforçada pela temperatura alta e pela baixa umidade relativa do ar em quase todo o Estado.
A previsão do 5º Distrito de Meteorologia, em Belo Horizonte, é que o tempo seco e quente permaneça até a próxima terça-feira, quando há a expectativa da chegada de uma frente fria à região.

São Paulo
A vegetação consumida pelo incêndio que atingiu o Parque Nacional da Serra da Bocaina, em São José do Barreiro, e a Estação Ecológica da Serra da Bocaina, em Bananal, pode levar até 30 anos para se recuperar. A previsão é de Roberto Suarez, responsável pela estação, que explica que o solo da região não é profundo.
A Prefeitura de São José do Barreiro decretou anteontem estado de calamidade pública. O motivo, segundo o prefeito Marco Antonio Oliveira Santos (PFL), é que, com o decreto, fica mais fácil firmar convênios e conseguir recursos para a recuperação da área.
Pelo menos 4.000 hectares de área do parque foram devastados pelo incêndio. Na estação ecológica foram 120 hectares. O parque e a estação, órgão estadual, têm juntos cerca de 105 mil hectares.
Na estação, o fogo cessou após a chuva da noite de anteontem. Até ontem, ainda existiam alguns focos de incêndio dentro do parque.
Pelo menos 216 hectares de área de preservação ambiental em quatro reservas da região de Campinas foram totalmente destruídos por incêndios ocorridos nos últimos sete dias.
A recuperação da fauna e flora das áreas atingidas pode levar até 15 anos, segundo o doutor em ecologia e pesquisador da Embrapa Evaristo de Miranda.
Os principais incêndios foram registrados na serra do Japi, em Cabreúva, na mata de Valinhos, em Valinhos, na serra da Bocaina, em Bragança Paulista, e na Floresta Estadual, em Rio Claro. Ao todo, a área devastada equivale a 225 campos de futebol.
A última ocorrência foi a da floresta em Rio Claro, onde 50 hectares de eucalipto foram destruídos entre anteontem e ontem.
Após uma semana, o incêndio na mata da Graciosa, na região de Ribeirão Preto, foi controlado na manhã de ontem pelas cerca de 250 pessoas que compunham as equipes de combate ao fogo. O saldo do incêndio, que atingiu uma das últimas áreas de mata atlântica da região, é um prejuízo ambiental que só deve ser recuperado em dez anos.
Segundo a coordenadora da Operação Mata Fogo, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Marília Vazquez Aum, além da fauna perdida, todo o ecossistema da mata, entre Cajuru e Santa Cruz da Esperança, foi perdido.
Uma chuva fraca, na madrugada de ontem, ajudou, de acordo com os bombeiros, a conter o fogo. (DAS REGIONAIS)


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