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ESTIAGEM
Metade da área preservada, em Minas, foi atingida pelo fogo; em SP, recuperação de parque pode demorar até 30 anos
Termina incêndio na Serra da Canastra
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Os cerca de 50 brigadistas e voluntários que combatiam o incêndio no Parque Nacional da Serra
da Canastra, no sudoeste de Minas Gerais, conseguiram na tarde
de ontem apagar o fogo que consumia a mata desde o dia 8.
De acordo com a avaliação da
direção do parque, cerca de 35 mil
hectares de mata, quase metade
da área preservada, que é de 71,5
mil hectares, foram atingidos pelo
fogo, que pode ter sido originado
de uma ação criminosa de moradores da região ou de visitantes.
Entre os pontos afetados estão
trechos das nascentes de rios importantes, como o São Francisco e
o Araguari. A ação do fogo nas
matas mineiras -que já tiveram
mais de 2.000 focos de incêndio só
neste mês, de acordo com o Corpo de Bombeiros- vem sendo
reforçada pela temperatura alta e
pela baixa umidade relativa do ar
em quase todo o Estado.
A previsão do 5º Distrito de Meteorologia, em Belo Horizonte, é
que o tempo seco e quente permaneça até a próxima terça-feira,
quando há a expectativa da chegada de uma frente fria à região.
São Paulo
A vegetação consumida pelo incêndio que atingiu o Parque Nacional da Serra da Bocaina, em
São José do Barreiro, e a Estação
Ecológica da Serra da Bocaina, em
Bananal, pode levar até 30 anos
para se recuperar. A previsão é de
Roberto Suarez, responsável pela
estação, que explica que o solo da
região não é profundo.
A Prefeitura de São José do Barreiro decretou anteontem estado
de calamidade pública. O motivo,
segundo o prefeito Marco Antonio Oliveira Santos (PFL), é que,
com o decreto, fica mais fácil firmar convênios e conseguir recursos para a recuperação da área.
Pelo menos 4.000 hectares de
área do parque foram devastados
pelo incêndio. Na estação ecológica foram 120 hectares. O parque e
a estação, órgão estadual, têm
juntos cerca de 105 mil hectares.
Na estação, o fogo cessou após a
chuva da noite de anteontem. Até
ontem, ainda existiam alguns focos de incêndio dentro do parque.
Pelo menos 216 hectares de área
de preservação ambiental em
quatro reservas da região de Campinas foram totalmente destruídos por incêndios ocorridos nos
últimos sete dias.
A recuperação da fauna e flora
das áreas atingidas pode levar até
15 anos, segundo o doutor em
ecologia e pesquisador da Embrapa Evaristo de Miranda.
Os principais incêndios foram
registrados na serra do Japi, em
Cabreúva, na mata de Valinhos,
em Valinhos, na serra da Bocaina,
em Bragança Paulista, e na Floresta Estadual, em Rio Claro. Ao todo, a área devastada equivale a
225 campos de futebol.
A última ocorrência foi a da floresta em Rio Claro, onde 50 hectares de eucalipto foram destruídos
entre anteontem e ontem.
Após uma semana, o incêndio
na mata da Graciosa, na região de
Ribeirão Preto, foi controlado na
manhã de ontem pelas cerca de
250 pessoas que compunham as
equipes de combate ao fogo. O
saldo do incêndio, que atingiu
uma das últimas áreas de mata
atlântica da região, é um prejuízo
ambiental que só deve ser recuperado em dez anos.
Segundo a coordenadora da
Operação Mata Fogo, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente,
Marília Vazquez Aum, além da
fauna perdida, todo o ecossistema
da mata, entre Cajuru e Santa
Cruz da Esperança, foi perdido.
Uma chuva fraca, na madrugada de ontem, ajudou, de acordo
com os bombeiros, a conter o fogo.
(DAS REGIONAIS)
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