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São Paulo, domingo, 19 de outubro de 2003

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RELIGIÃO

Baixada Santista recupera marcos da passagem do padre jesuíta

Litoral de SP terá roteiro dos passos de Anchieta

ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Passados 450 anos do desembarque do jovem jesuíta José de Anchieta (1534-1597) no Brasil, peregrinos poderão refazer, a partir do ano que vem, os passos do padre em sua jornada do período colônia pelo litoral de São Paulo.
De carro, num primeiro momento, a pé ou de bicicleta, no futuro, o viajante terá contato com 27 marcos da passagem de Anchieta pela Baixada Santista, mais nove igrejas da Companhia de Jesus, à qual ele pertencia.
O roteiro, batizado de Caminhos de Anchieta, foi recuperado a partir de uma pesquisa da Unisantos (Universidade Católica de Santos), realizada a pedido da Canan (Associação Pró-Canonização de Anchieta) e de prefeitos de nove municípios do litoral.
A idéia é que o percurso de 157 km, de Peruíbe a Bertioga, seja transformado em uma versão do Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, ou dos Caminhos da Fé, recém-criado no interior de São Paulo.
O forte de Bertioga, que abrigou Anchieta por cinco dias quando ele seguia para negociar a paz com os índios tamoios em Ubatuba, e a capela de Guaibê, no Guarujá, onde índios disseram ter visto luzes e ouvido vozes celestiais cantando enquanto o padre rezava, fazem parte do percurso preparado.
O peregrino receberá informações sobre os pontos e terá um passaporte para registrar os trechos cumpridos. A Praia Grande, onde será construído um santuário, é o centro do caminho.
Os viajantes terão detalhes sobre o Anchieta personagem histórico, assim como sobre as manifestações que o ajudaram a ser declarado beato pelo Vaticano, em 1980, e descobrirão o que faz parte da tradição oral popular, afirma o padre Cesar Augusto dos Santos, 58, presidente da Canan e vice-postulador da causa de canonização do jesuíta.
A Canan, mantida pela Companhia de Jesus, tem como missão difundir a história do beato e procurar um milagre, acontecido depois de 1980 e atribuído a ele, para pleitear que Anchieta seja declarado o primeiro santo brasileiro.
Madre Paulina (1865-1942) é a primeira santa brasileira.
Os Caminhos de Anchieta serão abertos aos peregrinos, segundo estimativa dos prefeitos do litoral, em março do ano que vem.
Numa segunda etapa, o roteiro terá mais pontos turísticos e será ampliado para o litoral norte e para outros Estados por onde Anchieta passou, como Rio de Janeiro e Espírito Santo. Em Ubatuba, litoral norte paulista, o jesuíta escreveu nas areias da praia de Cruzeiro um poema sobre a Virgem Maria, com quase 6.000 versos.
As prefeituras e o Estado estão investindo no treinamento de guias e em infra-estrutura. O projeto pode redirecionar o turismo na região, que hoje se caracteriza pelo veranismo, diz a delegada regional de turismo da Baixada Santista, Maria Thereza Ortale.


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