|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Colisão na baía de Guanabara mata oito
Traineira de 15 m foi atingida à noite por cargueiro de 180 m, de bandeira das Bahamas, no Rio de Janeiro; 4 sobreviveram
Uma das hipóteses é a de falha humana da equipe da traineira; tripulação do cargueiro não pode deixar o país até o fim da investigação
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
Um acidente entre duas embarcações na baía de Guanabara, na noite de terça-feira, causou a morte de oito pessoas. Por
volta das 22h30 de anteontem a
traineira Costa Azul, de 15 metros de comprimento, foi atingida pelo cargueiro frigorífico
Roko (de 180 m), de bandeira
das Bahamas.
Até a noite de ontem, corpos
de quatro vítimas do acidente
haviam sido resgatados. Mergulhadores da Marinha tinham
conseguido visualizar outros
corpos dentro da cabine, a 37
metros de profundidade, mas o
resgate não tinha sido possível
até a conclusão desta edição.
A tripulação do cargueiro está proibida de deixar o país até
o fim das investigações, mas a
principal hipótese investigada
é a de falha humana da traineira, já que, pelas regras da navegação, a embarcação, por ter
avistado o cargueiro à sua direita, deveria ter desviado.
A traineira prestava serviço
para a empresa Tecsub Engenharia Subaquática, de Santos,
e transportava mergulhadores
que participavam das obras do
emissário submarino da Barra
da Tijuca. Além dos nove mergulhadores, havia no barco dois
marinheiros e o mestre-arrais.
Segundo a Marinha, a traineira ia do Caju (zona portuária
do Rio), onde acabara de abastecer, para Jurujuba, em Niterói, para que os tripulantes descansassem. Antes, deixou três
mergulhadores da empresa na
Praça 15. Durante a madrugada
seguiriam para a Barra da Tijuca, para retornar ao trabalho.
O destino do navio Roko, comandado por Vladimirs Gruserviskis, era a Ucrânia e ele estava entrando na baía de Guanabara apenas para abastecer.
O navio, de ferro e cerca de 12
vezes maior que a traineira,
atingiu o meio da Costa Azul,
que era de madeira. A pequena
embarcação foi destruída e sua
cabine afundou rapidamente.
Destroços foram encontrados
na madrugada de ontem.
Quatro mergulhadores estavam na parte traseira da embarcação conversando e conseguiram pular no momento do
choque. Os outros passageiros
dormiam na cabine, onde também estavam o mestre-arrais e
os dois marinheiros.
Os homens que saltaram foram resgatados pela Marinha,
atendidos e levados, à tarde, para um hotel na Ilha do Governador (zona norte). Eles prestaram depoimento na Capitania dos Portos.
Advogada da Tecsub, Cristiane Fatalla Elias, disse que a empresa não tem responsabilidade sobre o acidente, mas que irá
dar assistência às famílias de
seus mergulhadores. Ela informou que a Tecsub alugou a embarcação de outra empresa, cujo nome não quis revelar. A Marinha não disse o nome do advogado do cargueiro.
Buscas
Dez embarcações da Marinha, com cerca de 300 homens,
participam das buscas desde a
notificação do acidente. O Corpo de Bombeiros e mergulhadores integram a equipe.
Destroços do Costa Azul foram encontrados na madrugada, mas apenas às 10h de ontem
a cabine foi localizada, com a
ajuda de uma garatéia, espécie
de gancho com anzóis, a cerca
de 2 km da costa do Rio.
"A cabine está num local de
difícil acesso, a 37 m de profundidade e com visibilidade entre
1 m e 1,5 m. A correnteza está
forte e há perigo para os mergulhadores", disse o comandante
da Capitania dos Portos do Rio,
capitão-de-mar-e-guerra, Antônio Fernando Moreira Dias.
As buscas continuavam durante a noite com três embarcações e cerca de 30 pessoas,
entre elas 15 mergulhadores.
Cinco vítimas já foram identificadas: Oswaldo Antunes do
Prado, 61; Erivelton Azevedo da
Silva, 25; Esmeraldo José Moreira, 60; Jocimar Neves Marques, 35; e Panaiote de Oliveira
Nitrogianes, 37. Os sobreviventes são Eduardo da Silva Pinto,
Thiago Batista Barros, Eliazer
Chaves de Oliveira e André
Luiz Lorenzeth.
Colaboraram CRISTINA TARDÁGUILA e
MARIO HUGO MONKEN , da Sucursal do Rio
Texto Anterior: Corporação pede desculpas a crianças Próximo Texto: Marinha vê possível falha humana na traineira Índice
|