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Prefeitura quer mudar linha de trem
Intenção do governo municipal é fazer um parque onde hoje fica a favela do Moinho, na região central de São Paulo
Secretaria de Governo diz estar em negociação com CPTM, para mudar os trilhos, e Ceagesp, para transferência do terreno
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo
quer mudar o trajeto de uma linha de trem e fazer um parque
onde hoje fica uma favela no
centro de São Paulo.
A área, no bairro de Campos
Elíseos, tem aproximadamente
17 mil m2 -para efeito de comparação, o parque Buenos Aires
(Higienópolis) tem 25 mil m2 e
o parque Eucaliptos (Morumbi) tem 15,5 mil m2.
O terreno onde está a favela
do Moinho, do lado direito do
viaduto Orlando Murgel (que
liga as avenidas Rio Branco e
Rudge), pertence à extinta Rede Ferroviária Federal. Do lado
esquerdo do viaduto, a área é
de propriedade da Ceagesp
(Companhia de Entrepostos e
Armazéns Gerais de São Paulo). As duas empresas são ligadas ao governo federal.
Essas áreas são "cercadas"
pelos trilhos dos trens da
CPTM (Companhia Paulista de
Trens Metropolitanos), empresa do governo do Estado.
A prefeitura negocia com a
União a transferência dos terrenos para o município e, com
a CPTM, a mudança do trajeto
da linha que liga as estações
Barra Funda e Júlio Prestes. A
intenção é remover a favela,
demolir as construções da área
(barracos e galpões) e fazer um
parque em toda a extensão.
O projeto ainda está em fase
inicial, mas, segundo a prefeitura, as negociações estão
adiantadas. A Ceagesp, por
exemplo, já formalizou, em setembro de 2007, a intenção de
transferir o terreno para o município em troca de dívidas de
impostos municipais.
"É um terreno que hoje representa ônus para a empresa
[Ceagesp], não tem uso e exige
manutenção, vigilância. E para
a cidade é importante, carecemos dramaticamente de áreas
verdes no centro da cidade. Esse procedimento interessa a
ambas as partes, também, porque reduz as pendências jurídicas e caminha no sentido de regularização das relações", informou a secretária-adjunta de
Governo, Stella Goldenstein,
por sua assessoria de imprensa.
A Ceagesp não confirma nem
nega a negociação, mas, segundo Goldenstein, parte da documentação já foi entregue.
Outra negociação também
adiantada, de acordo com a
prefeitura, é com a CPTM. "Os
entendimentos com a CPTM
estão muito avançados, porque
a empresa pretende fazer a revitalização de todas as suas linhas no centro da cidade de
São Paulo, e isso inclui este trecho", disse Goldenstein.
Em nota, a CPTM informou
apenas que estão sendo feitos
estudos, em parceria com a
prefeitura, "para definir uma
proposta concreta de atuação,
dentro do projeto de revitalização do centro".
A terceira parte é mais complicada: a retirada da favela do
Moinho. A Rede Ferroviária
Federal foi extinta. A União assumiu todos os ativos e passivos da empresa, mas o patrimônio ainda está em fase de inventário. A Folha não conseguiu contato com a empresa.
Além disso, a prefeitura precisa de uma alternativa de moradia para as 375 famílias da favela do Moinho. Não há prazo
para a implantação do parque
ou mesmo para o início das
obras da retificação da linha do
trem. As datas só serão definidas após a concretização das
transferências dos terrenos.
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