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FRANCESCO LETA (1926-2010)
Raízes italianas, frutos brasileiros
FELIPE CARUSO
DO RIO
O sítio onde Francesco Leta cultivava uma horta e criava animais em Vargem Grande, na zona oeste do Rio, assemelhava-se à pequena propriedade de seus pais, onde
ele nascera em 1926, na cidade italiana de Fuscaldo.
Apesar de ser o fundador
da rede de supermercados
Zona Sul, com 32 lojas pelo
Rio e uma em Angra dos Reis
(RJ), Chico, como era chamado pela família, plantava a
maior parte da comida que
cozinhava no forno à lenha.
Há dez anos, após afastar-se do cotidiano da empresa,
passou a ir diariamente para
a propriedade dedicar-se às
bananas, cocos, café, porcos,
galinhas, cabritos e vacas.
Aos 20, viera para o Brasil
com o pai, Fortunato, que já
havia imigrado para o Rio no
início da Segunda Guerra e
visitava a família regularmente na Itália, levando dinheiro para os parentes.
Trabalhou num açougue
e, depois, tornou-se vendedor em caminhões-feira que
rodavam pela cidade.
Numa das viagens que fez
à Itália, conheceu Roseta,
com quem namorou por cartas por dois anos e se casou
em 1954. A lua de mel foi no
navio rumo ao Brasil junto
com toda a família.
Dos caminhões-feira,
montou uma barraca em Ipanema. Da barraca, nasceu
uma mercearia, que passou a
ser tocada por um de seus
dois irmãos, até que, em
1959, fundou no bairro a primeira filial do Zona Sul.
Fumava desde os 16 e gostava de tomar uma dose de
uísque ou uma taça de vinho
antes do jantar. Dizia: "Na
Itália, minhas raízes; no Brasil, meus frutos. Plantei com
amor e reguei com suor".
Morreu anteontem, aos
84, no Rio, vítima de um enfisema pulmonar. Deixa a mulher, seis filhos e 15 netos. A
missa de sétimo dia será no
sábado, em horário e local
ainda a ser definidos.
coluna.obituario@uol.com.br
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