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CRESCEI E MULTIPLICAI-VOS
Idéia é aumentar população
Prefeito do PR
quer sexo e
procriação
FERNANDO MENDONÇA
da Agência Folha, em Curitiba
O prefeito de Bocaiúva do Sul
(região metropolitana de Curitiba), Elcio Berti (PTB), 48, decretou ontem a proibição da venda e
da distribuição de preservativos e
de qualquer método anticoncepcional na cidade.
Berti também está oferecendo
isenção total de impostos, pelo
prazo de cinco anos, para quem
estiver interessado em abrir motéis na região. "Quero aumentar
pelo menos 20% a população de
Bocaiúva até o ano que vem."
Essa foi a forma encontrada pelo
prefeito para protestar contra a redução de 40% no repasse do FPM
(Fundo de Participação dos Municípios) anunciada pelo governo do
Estado, a partir de janeiro de 98.
O repasse para Bocaiúva do Sul
será reduzido dos atuais R$ 120 mil
mensais para R$ 72 mil. Berti acredita que, se multiplicar a população da cidade, evitará a redução do
FPM. "Passou dos 14 anos de idade, já poderá entrar nos motéis."
Segundo ele, o governador do
Paraná, Jaime Lerner (PFL), disse
aos prefeitos durante as posses, no
começo deste ano, que eles teriam
de ser verdadeiros malabaristas
para enfrentar as dificuldades.
"É o que estou fazendo. Proibindo a venda de preservativos, fico
de bem com o papa e ainda incremento o comércio de uísque e de
flores para os amantes."
O prefeito anunciou também
que pretende lotear áreas do município para os trabalhadores rurais sem terra. "Temos terrenos
sobrando por aqui."
Florismundo Alberti, 63, dono
de uma das duas farmácias da cidade, disse que não respeitará o
decreto. Segundo o presidente da
Associação dos Magistrados do
Paraná, Guilherme Luiz Gomes,
47, o artigo 226, parágrafo 7º, da
Constituição determina que "o
planejamento familiar é livre decisão do casal".
O ministro da Saúde, Carlos Albuquerque, afirmou que recebeu
com "tristeza e surpresa" a notícia
de que o prefeito de Bocaiúva do
Sul (PR) proibiu a venda de preservativos na cidade.
"Supresa porque lá deve existir
Conselho Municipal da Saúde e, se
eu fosse conselheiro lá, já tinha feito uma revolução." Para Pedro
Chequer, coordenador nacional
de DST e Aids, a medida é equivocada. "A prefeitura vai revê-la
diante da realidade da Aids".
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