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MÍDIA
Promotoria pediu fitas de programa em que ela disse querer matar Xampinha
Hebe não comenta ameaça a menor
A apresentadora Hebe Camargo, do SBT, não quis comentar
ontem a declaração que fez em
seu programa de segunda-feira
-de que tem vontade de matar
R.A.A.C., 16, o Xampinha. O Ministério Público do Estado de São
Paulo requisitou à emissora as fitas do programa.
O menor é acusado, de acordo
com a polícia, de ser o mentor do
assassinato de Felipe Silva Caffé,
19, e Liana Friedenbach, 16, em
Embu-Guaçu (Grande SP) -o
casal tinha ido acampar em um sítio abandonado na cidade.
"Aparentemente, trata-se de
um desabafo. Misto de desabafo e
bravata, muito frequente em programas de TV", afirmou o promotor Carlos Cardoso, assistente
do procurador-geral. Será verificado o contexto em que foram feitas as declarações. A apologia ao
crime é caracterizada pela louvação a uma atividade ilegal.
"Ele é tão monstro que fez o delegado chorar. (...) Ai, se eu pudesse fazer uma entrevista com o
Xampinha...", afirmou Hebe durante o programa. "Ele iria virar
linguiça. (...) Viu Xampinha? Eu
vou fazer uma entrevista com você, vou mesmo. Se me deixarem,
eu vou, mas eu vou armada. Eu
saio de lá e vou para a cadeia. Mas
ele não fica vivo."
Hebe Camargo recebia como
convidados o pai de Liana, Ari
Friedenbach, e a mãe de Felipe,
Lenice Silva Caffé.
A família de R.A.A.C. tem televisão, mas não viu o programa de
Hebe, segundo o mais velho dos
irmãos do adolescente. Depois
que a Folha contou a ele o que disse a apresentadora, o irmão, de 25
anos, disse que acha isso "errado": "Violência só traz violência".
De acordo com ele, o que mais
tem incomodado a família é a presença constante de equipes de reportagem nas redondezas de sua
casa, no vilarejo de Santa Rita, na
região de Embu-Guaçu (cerca de
80 km do centro de São Paulo).
Ontem, um dia quente, a porta e
as janelas estavam todas fechadas,
com cadeado no portão. Pela manhã, a mãe de R. chegou a chamar
uma ambulância para medir a
pressão do pai, que teve um derrame há quatro meses.
Passeata
Os pais de Liana e Felipe farão,
no sábado, uma passeata pela
"paz com Justiça", que sairá às
13h45 do colégio São Luís, onde
os adolescentes estudavam.
O texto do panfleto de convocação do ato foi redigido ontem. Serão impressas 20 mil cópias, que
começam a ser distribuídas hoje,
sobretudo em escolas da cidade.
Dirigido a alunos e familiares, o
panfleto pede mudanças no Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA).
(DA REPORTAGEM LOCAL e DO "AGORA")
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