São Paulo, sexta-feira, 19 de novembro de 2004

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BARBARA GANCIA

El "Cid" já não é mais "el campeador"

Personagem maior do que a vida, no que pesa a sua imagem como mecenas e como figura exótica, o controlador do Banco Santos, Edemar Cid Ferreira, irá deixar a sua marca.
As exposições de arte brasileira que ele levou ao exterior nos últimos anos, sempre acompanhadas por comitivas de jornalistas convidados, a quem ele adulava com reproduções de fotos de d. Pedro 2º ou com gravuras raras, colocaram o Brasil no mapa do circuito cultural globalizado.
A esta altura, a notícia de que seu banco sofreu intervenção já correu mundo e deixou os curadores dos grandes centros de queixo caído. Dias atrás, um marchand de fotos de Nova York ligou a um cliente tapuia para comiserar: "Como pode o Edemar da Mostra do Redescobrimento ter os bens indisponibilizados?".
Conhecido em épocas diferentes como Capitão América e Tio Patinhas, apelidos que ganhou por seu ardil nos negócios, Edemar sempre foi dado a extravagâncias. No ano passado, por exemplo, organizou a ida de um cirurgião plástico de São Paulo para operá-lo, com a devida privacidade, em uma clínica de Londres.
Seu casarão no Morumbi é um capítulo à parte. O projeto do interior é de Peter Marino, arquiteto que desenhou algumas das lojas mais transadas do mundo da moda, como a Barneys, de Nova York, e a Chanel Tower, de Tóquio. Marino, que teve Andy Warhol como seu primeiro grande cliente, confidenciou recentemente a uma amiga brasuca que Edemar é a pessoa "mais excêntrica" para quem já trabalhou.
Amigos que visitaram a tal casa, que acaba de ser inaugurada, voltaram com histórias mirabolantes. Para começar, um "tour" no château leva, no mínimo, 1 h 20. E uma de suas salas possui paredes que mudam de cor e o ambiente, de aroma, dependendo do humor do dono. Se tiver de ser leiloada para saldar a dívida do Banco Santos, a casa dificilmente encontrará comprador, uma vez que necessita de uma empresa, atualmente instalada em seu subsolo, para realizar a administração do imóvel.
Em um país em que fundações particulares costumam receber do governo milhões de dólares ao ano, sendo que o público raramente tem acesso aos acervos das instituições beneficiadas, o ímpeto de Edemar em mostrar suas coleções ao público, muitas vezes de forma gratuita, era uma lufada de ar fresco.
Pena que esse furor não combine com a espartana atividade de banqueiro de investimentos.

QUALQUER NOTA

Papelão
Durante as 500 Milhas de Kart da Granja Viana, o comentário foi unânime: o único que destoou do clima da festa foi Antonio Pizzonia, que deu piti e foi embora quando soube que não iria participar da largada. O piloto não foi escolhido para largar por ter andado atrás de seus co-pilotos durante os treinos.

Omissão
Listas são sempre controvertidas e a dos "100 mais", elaborada pela Secretaria de Comunicação do governo Lula, não foge à regra. O homem do barquinho, Robert Scheidt, consta da relação, mas o nome do diplomata Sérgio Vieira de Mello foi esquecido.

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