São Paulo, sexta-feira, 19 de novembro de 2004

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Associações criticam "Operação Visibilidade"

Celso Meira/Agência O Globo
Cabine da PM, em Santa Teresa (zona sul do Rio), foi alvo ontem de bombas jogadas por grupo em um carro; um policial se feriu


DA SUCURSAL DO RIO

Representantes de associações vinculadas à PM (Polícia Militar) ouvidos pela Folha disseram que a "Operação Visibilidade", criada neste ano pela Secretaria de Segurança Pública e que determina que as patrulhas fiquem paradas em vários pontos da cidade, tem facilitado o ataque de traficantes a policiais nas ruas.
Apesar de PMs também serem mortos quando estão circulando pela cidade, o presidente da Associação dos Militares Auxiliares e Especialistas, tenente Melquisedec do Nascimento, disse que a "Visibilidade" é prejudicial aos policiais e ineficaz para o policiamento na cidade.
"O policial não pode ficar parado nas ruas. É um risco para a sua segurança e integridade física, já que os criminosos estão portando armamento de guerra e os policiais ficam sem ter como reagir. Além disso, ninguém é preso durante a operação e não se apreendem armas", disse.
Segundo ele, o risco é ainda agravado pelo fato de não haver coletes à prova de balas em número suficiente para todos os PMs e eles não protegerem contra tiros de fuzil. O oficial defende a sanção da lei, aprovada pela Assembléia Legislativa, que permitirá a blindagem dos carros policiais.
Nascimento disse que os ataques a PMs nas ruas provocam "terror" na população. "Se os próprios policiais estão sendo atacados, aumenta a sensação de insegurança", disse.
O presidente da Associação dos Ativos e Inativos da Polícia Militar, Miguel Cordeiro, pediu o fim da "Visibilidade". Segundo ele, a ação faz com que os traficantes saibam onde há PMs parados, facilitando os ataques.
"Essa operação "Visibilidade" só coloca policiais nos grandes corredores viários para trazer uma sensação de segurança. Se as rondas fossem intensificadas, os traficantes não poderiam prever onde os policiais estão", disse
Para Cordeiro, a orientação para deixar os policiais parados faz parte de uma política da Secretaria de Segurança para economizar combustível. Segundo ele, os coletes à prova de balas usados pelos PMs não recebem manutenção.
O porta-voz da Polícia Militar, tenente-coronel Aristeu Leonardo Tavares, afirmou que a "Visibilidade" vai continuar porque, se ela acabar, a população vai reclamar que não existe policiamento nas ruas.
"Os ataques contra os policiais podem estar ocorrendo justamente para haver uma retração no policiamento das ruas", disse. Sobre os coletes, o oficial disse que eles têm validade até 2008 e são de boa qualidade.


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