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Senac vai acabar com cursos de mestrado
Medida é temporária e turmas atuais não serão afetadas, diz reitor; redução dos gastos visa cumprir exigência da União
Cursos afetados são de moda, design e gestão integrada em saúde; objetivo é garantir mais verba para ensino profissionalizante
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Senac São Paulo decidiu
suspender a abertura de turmas em seus mestrados. Segundo a instituição, a medida,
que diz ser temporária, foi necessária para se adequar à exigência da União de aumento de
recursos para o ensino profissionalizante gratuito no chamado Sistema S.
Os três programas de pós-graduação do centro universitário -moda, design e gestão
integrada em saúde do trabalho
e meio ambiente- abrangem
áreas em que a pesquisa é considerada recente no país.
Segundo o Senac, as mensalidades dos cursos, de cerca de
R$ 1.000, representam 28% dos
gastos com os programas. Cabe
à escola destinar, anualmente,
R$ 4 milhões de suas demais
receitas para manter os cursos.
A redução dos gastos, diz a
escola, é necessária para cumprir o acordo feito com o governo Lula no início deste mês.
No protocolo, a instituição se
compromete a destinar 66,6%
de suas receitas (vindas de tributos pagos por empresas) para o ensino profissionalizante
gratuito, até 2014. No ano que
vem, o percentual do Senac SP
estará em 20%.
Governo e representantes da
indústria e do comércio chegaram ao acordo após atritos no
início do ano, quando o governo tentou criar um fundo para
disciplinar os recursos destinados ao Senai, Sesi, Senac e Sesc.
"Os mestrados são de extrema relevância, mas tivemos de
fazer uma escolha", disse o reitor do Senac, Sidney Zaganin
Latorre. Atualmente, a pós-graduação stricto sensu da instituição possui 130 alunos.
"Outra opção seria reduzir o
investimento em todas as
áreas. Entendemos ser melhor
focar a redução nos mestrados,
que são sempre deficitários financeiramente", disse o reitor.
Segundo ele, a suspensão é
temporária e a escola vai buscar
novas formas de financiamento
para os programas.
Entidades ligadas às áreas divulgaram cartas pedindo que a
escola reconsidere a suspensão.
"Existem 11 mestrados em
design no Brasil, assim, a suspensão de ingresso em um dos
programas possui impacto significativo na formação de pessoal de alto nível para a área",
afirmou o Fórum dos Programas de Pós-Graduação Stricto
Sensu em Design.
O MEC disse que a abertura e
o fechamento de cursos é uma
decisão que cabe à instituição.
Apesar de terem recebido a
garantia do reconhecimento
dos diplomas, alunos dos cursos estão preocupados. "A credibilidade do diploma não será
a mesma diante do mercado altamente competitivo que temos", diz Elisa Pontes, do curso
de design. "Na hora do doutorado, teremos dificuldades. Há
preferência a alunos de escolas
reconhecidas, simbolicamente
estáveis, o que não é o caso do
Senac", afirmou Kássia Garcia,
29, do mestrado em moda (primeiro da América Latina).
O reitor do Senac SP afirma
que a qualidade dos cursos será
mantida aos alunos que já estão
nos programas. Disse ainda que
as pesquisas podem prosseguir,
como na iniciação científica
dos cursos de graduação.
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