São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 2008

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Senac vai acabar com cursos de mestrado

Medida é temporária e turmas atuais não serão afetadas, diz reitor; redução dos gastos visa cumprir exigência da União

Cursos afetados são de moda, design e gestão integrada em saúde; objetivo é garantir mais verba para ensino profissionalizante


FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Senac São Paulo decidiu suspender a abertura de turmas em seus mestrados. Segundo a instituição, a medida, que diz ser temporária, foi necessária para se adequar à exigência da União de aumento de recursos para o ensino profissionalizante gratuito no chamado Sistema S.
Os três programas de pós-graduação do centro universitário -moda, design e gestão integrada em saúde do trabalho e meio ambiente- abrangem áreas em que a pesquisa é considerada recente no país.
Segundo o Senac, as mensalidades dos cursos, de cerca de R$ 1.000, representam 28% dos gastos com os programas. Cabe à escola destinar, anualmente, R$ 4 milhões de suas demais receitas para manter os cursos.
A redução dos gastos, diz a escola, é necessária para cumprir o acordo feito com o governo Lula no início deste mês.
No protocolo, a instituição se compromete a destinar 66,6% de suas receitas (vindas de tributos pagos por empresas) para o ensino profissionalizante gratuito, até 2014. No ano que vem, o percentual do Senac SP estará em 20%.
Governo e representantes da indústria e do comércio chegaram ao acordo após atritos no início do ano, quando o governo tentou criar um fundo para disciplinar os recursos destinados ao Senai, Sesi, Senac e Sesc.
"Os mestrados são de extrema relevância, mas tivemos de fazer uma escolha", disse o reitor do Senac, Sidney Zaganin Latorre. Atualmente, a pós-graduação stricto sensu da instituição possui 130 alunos.
"Outra opção seria reduzir o investimento em todas as áreas. Entendemos ser melhor focar a redução nos mestrados, que são sempre deficitários financeiramente", disse o reitor.
Segundo ele, a suspensão é temporária e a escola vai buscar novas formas de financiamento para os programas.
Entidades ligadas às áreas divulgaram cartas pedindo que a escola reconsidere a suspensão.
"Existem 11 mestrados em design no Brasil, assim, a suspensão de ingresso em um dos programas possui impacto significativo na formação de pessoal de alto nível para a área", afirmou o Fórum dos Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu em Design.
O MEC disse que a abertura e o fechamento de cursos é uma decisão que cabe à instituição.
Apesar de terem recebido a garantia do reconhecimento dos diplomas, alunos dos cursos estão preocupados. "A credibilidade do diploma não será a mesma diante do mercado altamente competitivo que temos", diz Elisa Pontes, do curso de design. "Na hora do doutorado, teremos dificuldades. Há preferência a alunos de escolas reconhecidas, simbolicamente estáveis, o que não é o caso do Senac", afirmou Kássia Garcia, 29, do mestrado em moda (primeiro da América Latina).
O reitor do Senac SP afirma que a qualidade dos cursos será mantida aos alunos que já estão nos programas. Disse ainda que as pesquisas podem prosseguir, como na iniciação científica dos cursos de graduação.


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