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Deputado pede a secretário transferência de delegado
Barros Munhoz, líder do governo na Assembléia, diz que solicitações são rotineiras
Em ofício a Ronaldo Marzagão, tucano pede que policial seja transferido do 2º DP de Guarulhos para delegacia especializada da capital
ROGÉRIO PAGNAN
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
ALEX ALMEIDA
REPÓRTER-FOTOGRÁFICO
O líder do governo José Serra
(PSDB) na Assembléia Legislativa, o tucano Barros Munhoz,
mantém entre suas atividades a
tarefa de pedir promoções e
transferências de policiais civis. Ele próprio admite adotar
essa "missão" como rotina parlamentar, mas diz não considerar uma ingerência política na
Secretaria da Segurança Pública porque na maioria das vezes,
segundo ele, não é atendido.
"Não é: "Quero que faça isso,
quero que faça aquilo". Estou
simplesmente transmitindo
um pedido que me é feito para
deliberação do órgão competente. Não é nenhum tipo de ingerência, nenhum, nenhum,
nenhum... Isso é mais que rotineiro. A gente faz para todos os
tipos de atividades no Estado."
Para tentar provar que seus
pedidos não são uma ordem,
ele apresentou à Folha os nomes de uma escrivã de Jales
(585 km de SP) e de um investigador de Ituverava (413 km de
SP) que teria tentado promover neste ano, sem sucesso.
O deputado revelou esse trabalho após ser questionado sobre um ofício enviado por ele
ao secretário Ronaldo Marzagão (Segurança), em 11 de setembro, no qual pede a transferência de um delegado.
Ele solicita que o delegado
Ricardo Fernandes seja transferido do 2ª Distrito Policial de
Guarulhos (Grande SP) para
uma delegacia especializada da
capital. Sugere três setores:
"Garra [especializado em roubos], GOE [operações especiais] ou DHPP [homicídios]".
Para o presidente da associação dos delegados, Sergio Roque, essa é uma pequena amostra da ingerência política que a
instituição sofre todos os dias.
Para ele, os favores deixam,
muitas vezes, o policial comprometido com o político, o
que prejudica a independência
de uma eventual investigação.
Até ontem, não havia publicação no "Diário Oficial" do Estado da movimentação do policial. Pelos carimbos existentes
no ofício, a "promoção" percorreu todos os níveis: há carimbos do gabinete do secretário,
da Delegacia Geral da Polícia
Civil e do Demacro, órgão responsável por Guarulhos.
Há um carimbo ilegível que,
para policiais ouvidos, seria da
Delegacia Seccional de Guarulhos. Por estar há menos de um
ano no cargo, Fernandes não
pode, em tese, ser transferido,
conforme exigência da própria
Delegacia Geral.
Procurado por três dias consecutivos, Marzagão não comentou o assunto. O delegado-geral, Maurício Freire, também
não. A assessoria de imprensa
da Delegacia Geral informou
apenas que Fernandes continua em Guarulhos. "Local por
ele próprio escolhido para
exercer suas funções, de acordo com o mérito alcançado
(classificação por notas) no
Curso de Formação Técnico-Científico, de oito meses, da
Academia de Polícia -medida
essa instituída pelo delegado-geral Maurício", diz trecho.
A Folha solicitou à Delegacia
Geral entrevista com Fernandes. Não houve resposta.
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