São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 2002

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CRIME EM PRAIA GRANDE

Claudionor Souza diz que voltou a São Paulo, na noite de núpcias, para buscar documentos

Marido de jornalista depõe por 14 horas

FAUSTO SALVADORI FILHO E
MARCELO OLIVEIRA
DO "AGORA"

A polícia suspeita do envolvimento de Claudionor Souza, 54, na morte da mulher, Sueli Jacinto, 42. Até agora, porém, não há provas contra ele. Souza começou a ser ouvido às 15h de terça-feira e foi liberado às 5h de ontem. "Ele não deixa de ser suspeito, mas nenhuma hipótese está descartada", disse o delegado Carlos Batista, do 2º distrito policial de Praia Grande, que ainda investiga as possibilidades de latrocínio (roubo seguido de morte) e vingança. Segundo Souza, foram roubados R$ 500 e o celular de Sueli.
A jornalista foi morta a golpes de rolo de macarrão, menos de 24 horas após o casamento, na casa alugada para a lua-de-mel, na Vila Caiçara, em Praia Grande.
O marido disse acreditar que o crime tenha ocorrido entre 18h30 de segunda e 1h de terça. Ele afirmou que, nesse período, esteve fora da casa para buscar documentos do carro na capital. Necropsia feita pelo IML, porém, aponta que o crime ocorreu entre 3h e 4h de terça-feira.
Souza disse que encontrou o corpo da esposa às 6h de terça, na cozinha da casa alugada. O álibi do marido foi confirmado por uma irmã de Sueli, Luciene Cristina Jacinto, que levou os documentos para ele na estação Paraíso do metrô.
A polícia estranhou algumas circunstâncias do caso, como o fato de Souza ter deixado a esposa sozinha na noite de núpcias.
Souza e Sueli se conheceram há cerca de três anos, quando ambos trabalhavam na Rede Mulher.
Na TV, Sueli produzia o programa "Aqui entre nós". Trabalhava também como assessora de imprensa do vereador da capital José Olímpio (PMDB) e da deputada estadual Edna Macedo (PTB-SP) -irmã de Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus.
Os noivos se casaram na capital, às 10h de segunda-feira. Saíram da capital no Hyundai branco de Souza e chegaram às 16h30 em Praia Grande, onde deveriam ficar por cinco dias. O taxista disse que, às 18h30, pegou um ônibus para buscar os documentos em São Paulo. Segundo a polícia, ele apresentou as passagens utilizadas na viagem.
Depois de pegar os documentos do Hyundai, Souza teria retornado a Praia Grande, chegando à 1h de terça. Lá, de acordo com a sua versão, encontrou a porta da casa trancada e saiu de carro, percorrendo hospitais e delegacias na busca por informações. O molho com as chaves da residência acabou sendo encontrado por um vizinho, na garagem.
Souza disse ter dormido algumas horas no carro. Por volta das 6h, foi à casa acompanhado de um chaveiro, mas o vizinho lhe entregou as chaves e a porta não precisou ser arrombada.
Ao entrar, ele descobriu a sala revirada e o corpo na cozinha. O assassino esfacelou o crânio de Sueli, que estava curvada para trás, com os pés e o pescoço atados às mãos com cordas de varal.
Souza disse que trabalhou como câmera, coordenador de programação e diretor de TV. Tornou-se taxista ao ficar desempregado, há um ano.


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