São Paulo, terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Estudantes tentam invadir prefeitura

Manifestantes que protestavam contra reajuste nos ônibus foram barrados pela GCM com cassetetes e spray

Ricardo Nogueira/Folha Imagem
Confusão durante manifestação em frente à Prefeitura de São Paulo contra reajuste da tarifa de ônibus


ESTÊVÃO BERTONI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Estudantes contrários ao aumento nas tarifas do transporte público tentaram invadir a Prefeitura de São Paulo, no centro da cidade, na tarde de ontem, mas foram barrados pela GCM (Guarda Civil Metropolitana), que usou cassetetes e spray de pimenta no confronto.
Enquanto tentava registrar a confusão entre os manifestantes e a GCM, o cinegrafista da Rede Record Marcelo Assunção e seu auxiliar técnico, Fábio de Souza, foram presos após se desentenderem com guardas, que tentaram proibir as filmagens (leia texto abaixo). O protesto -realizado por cerca de 50 estudantes- começou na avenida Paulista, dentro de um ônibus. Após pagarem as passagens, cantaram slogans de protestos e ergueram faixas contra o prefeito Gilberto Kassab (PFL), que aumentou a tarifa de R$ 2 para R$ 2,30 no final de novembro.
Na altura do Masp (Museu de Arte de São Paulo), obrigaram o motorista a parar com a intenção de realizar um ato no vão livre do museu e voltar para o veículo. Nesse instante, houve o primeiro confronto com a polícia, que obrigou o grupo a sair do veículo despejando sprays de pimenta pelas janelas.
A maioria dos estudantes vestia camisetas da Educafro, ONG coordenada por missionários franciscanos que busca a inclusão da população negra e pobre nas universidades.
Os estudantes seguiram a pé, então, até a sede da prefeitura, onde houve novo tumulto quando tentaram entrar no prédio e foram impedidos pela GCM, com a ajuda da PM. Grades foram levantadas, fechando as entradas principais da prefeitura. Novamente, cassetetes e sprays de pimenta foram usados contra os manifestantes. Após o confronto, um grupo de guardas metropolitanos especializado em mediação de conflitos foi chamado para reforçar a segurança no local. Ninguém ficou ferido.
Após serem impedidos de entrar na prefeitura, os estudantes ficaram sentados em frente ao prédio. Eles foram atendidos por assessores do prefeito, para quem entregaram uma carta. No documento, os estudantes sugeriram que toda a equipe da prefeitura passasse a trabalhar todos os dias de ônibus.
A estudante Marina Suzato Magalhães, 19, que acabou de ganhar uma bolsa para estudar medicina em Cuba, disse que o ato serviria também para manifestar indignação com o aumento nos salários dos deputados e senadores, na semana passada.

Outros atos
A prefeitura enfrentou ontem outros dois protestos, que pareciam ter horário combinado: quando um acabava, outro começava. Além do ato que envolveu os estudantes, motoristas de peruas escolares e trabalhadores que usam carros de som para fazer propaganda também estiveram no local. Assim como os estudantes, eles foram recebidos por assessores. O prefeito Kassab, que havia recebido o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) na parte da manhã, permaneceu no prédio durante toda a tarde.
Os motoristas querem barrar decisão da prefeitura de abrir, em 2007, licitação para contratar empresas para o transporte escolar de crianças (conhecido como Vai e Volta). Eles exigem que contratos já existentes com motoristas autônomos sejam mantidos.
Para o deputado federal e ex-secretário municipal de Transportes, Ricardo Zaratini (PT), a medida vai levar os motoristas autônomos ao subemprego. "Eles serão forçados a trabalhar para uma empresa e o salário vai diminuir", afirma. Para a motorista Sônia Maria de Araújo, conhecida por "tia Bilu", as crianças já estão acostumadas com os mesmos condutores há cinco anos. "Queremos apenas manter um trabalho que já começamos a fazer." O secretário municipal dos Transportes, Frederico Bussinger, não quis receber os manifestantes. Ele disse que as licitações ainda estão em estudo e classificou o protesto de "intempestivo" e "oportunista".
Já os trabalhadores de carros de som pediam que a prefeitura recuasse da decisão de proibir a atividade. Os carros de som foram proibidos de funcionar desde o dia 13, por decreto.
Colaborou EVANDRO SPINELLI, da Reportagem Local

Texto Anterior: Menina de 6 anos é solta após 8 dias de seqüestro
Próximo Texto: Guarda tentou impedir trabalho da imprensa
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.