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AIDS
Essa é a porcentagem de casos que acabam sem diagnóstico determinado mesmo depois da realização de 4 testes
Indefinição de testes de HIV chega a 10%
LUCIA MARTINS
da Reportagem Local
Mesmo quando aplicadas todas
as técnicas disponíveis hoje, o índice de indeterminação dos testes
de Aids pode chegar a 10%.
No Instituto Adolfo Lutz, considerado referência em testagem de
HIV, esse índice varia de 1% a 10%.
No Hospital Emílio Ribas, o maior
realizador de testes da cidade de
São Paulo (900/mês), entre 5% e
9% dos exames não são nem positivos nem negativos.
Esse índice é calculado depois do
seguinte caminho: uma amostra
de sangue é recolhida em algum
centro de triagem. Dois exames
Elisa (fabricados por laboratórios
diferentes) são realizados.
Se um deles der positivo e o outro, negativo ou se os dois derem
positivo (segundo decisão do Ministério da Saúde, divulgada na última quinta-feira), a amostra de
sangue é submetida a outra classe
de testes. É a etapa confirmatória.
O Western Blot e o exame de
imunofluorescência não são mais
sensíveis do que o Elisa. Eles são
mais específicos. O Elisa identifica
anticorpos dos retrovírus.
A confusão do teste decorre do
fato de que podem existir outros
retrovírus no sangue, além do
HIV. Já os outros dois exames são
capazes de encontrar exatamente o
vírus que causa a Aids.
"Mas todos eles não são testes
100% expressivos", afirma Flávia
Rossi, diretora do Serviço do Laboratório Clínico do Hospital
Emílio Ribas (região central).
Aspectos clínicos
Nos casos em que há indeterminação, o hospital costuma acompanhar os pacientes para observar
também os aspectos clínicos (se ele
está doente, se perdeu peso, se tem
algum sintoma da Aids etc.).
"É por isso que o exame não pode ser tudo. Ninguém deve fazer
um teste sem recomendação médica. Um médico é mais capaz de
desconfiar de um resultado errado
e pedir a confirmação. E, mesmo
se a confirmação continuar sem
diagnóstico, o caminho é continuar analisando."
Outra explicação possível para a
não-confirmação de um diagnóstico pode ser a chamada "janela
imunológica". Depois de contrair
o vírus, o organismo demora 30
dias para produzir anticorpos.
Como o teste identifica o vírus
pelo anticorpo que a pessoa produz (para lutar contra a partícula
estranha), se não houver anticorpo (ou apenas uma pequena quantidade), um exame pode fazer a leitura negativa e o outro exame fazer
uma leitura positiva.
Já para o infectologista Ricardo
Dias, especialista em HIV da Escola Paulista de Medicina, a indeterminação dos testes pode ser explicada pelo modo como os testes são
produzidos.
Fabricados por grandes laboratórios europeus e americanos, os
testes têm como base principal o
HIV "B", um subtipo do vírus que
infectou a grande maioria dos soropositivos na Europa e nos EUA.
O problema, segundo Dias, é que,
no Brasil, ainda existem os tipos
"C", "D" e "F". Assim, os exames estariam se "confundindo".
As instruções do kit de teste afirmam que também o exame consegue achar todos os subtipos.
Mas Carmem de Freitas Oliveira,
responsável pela área de HIV no
Instituto Adolfo Lutz, afirma que
os kits nunca foram testados para
saber se realmente eles são capazes
de identificar todas as variantes do
vírus HIV.
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