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REFORMA UNIVERSITÁRIA
Técnicos de seis pastas formulam documento, a pedido da Casa Civil, que prevê aumento de verbas
Grupo ministerial quer favorecer federais
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Documento oficial obtido pela
Folha informa que o governo terá
de aumentar gradativamente os
investimentos nas universidades
federais até chegar a um gasto de
manutenção de R$ 1,01 bilhão em
2007. Só assim conseguiria enfrentar os problemas emergenciais e evitar as crises periódicas
que atingem o setor.
O gasto proposto corresponde a
praticamente o dobro do que foi
despendido em 2003: R$ 551,6 milhões. Para 2004, a previsão do
documento é de R$ 759 milhões.
Os números compõem um
diagnóstico entregue à Casa Civil
da Presidência da República. Foi
elaborado pelo grupo interministerial criado no ano passado.
Composto por representantes
de seis ministérios (Educação, Casa Civil, Planejamento, Fazenda,
Ciência e Tecnologia e Secretaria
Geral da Presidência), o grupo teve o objetivo de sugerir idéias para a reforma universitária.
O documento, sujeito a alterações, aguarda agora aval do ministro José Dirceu (Casa Civil) e
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. Em seguida, deve ser apresentado à academia, no contexto
do debate em torno da pretendida
reforma universitária.
Bem diferente do diagnóstico
divulgado recentemente pelo Ministério da Fazenda e inspirado
em análises do Banco Mundial, o
texto do grupo interministerial
defende o fortalecimento das universidades federais. Sugere, inclusive, a contratação de 25.785 professores até 2007 e a ampliação da
autonomia universitária.
No documento "Gasto Social do
Governo Central", a Fazenda sugeriu, em novembro, a ampliação
da oferta de vagas em instituições
privadas como uma forma de aliviar as contas públicas. De acordo
com esse diagnóstico, as universidades públicas atenderiam aos
alunos mais ricos.
Em comum, os dois documentos têm idéias sobre a necessidade
de adotar alternativas de financiamento. Sem firmar posição, o
grupo interministerial expôs,
num anexo do documento principal, sugestões que incluem a cobrança de contribuição de ex-alunos de universidades públicas e a
retirada da folha de inativos do
orçamento das federais.
No anexo também consta a
idéia de criar fundos empresariais
para o ensino superior ou mesmo
uma lei de incentivo fiscal para o
setor.
Ação emergencial
O documento do grupo interministerial é dividido em quatro
partes: 1) ações emergenciais para
universidades federais, 2) autonomia das federais, 3) linhas de ação
imediata para mudar o quadro
atual e 4) etapas para a formulação e implantação da reforma
universitária.
Uma das sugestões para restaurar o quadro de docentes das federais é incorporar aposentados e
doutores, oferecendo bolsas. Os
termos de concessão seriam definidos por meio de edital.
Para financiar a bolsa para 700
doutores, seriam necessários R$
25,2 milhões por ano. Já a incorporação de mil aposentados custaria R$ 36 milhões anuais.
Quando trata de ações imediatas para mudar o ensino superior,
o grupo propõe a criação do Pacto
de Educação para o Desenvolvimento Inclusivo. Seria uma espécie de acordo assinado entre Ministério da Educação e universidades, inicialmente federais, em
que o governo asseguraria um fluxo adicional de recursos.
Em contrapartida, as instituições teriam que cumprir metas,
que incluem abertura de vagas e
distribuição regional para alocar
os formandos. A avaliação de desempenho seria medida pelo Sistema Nacional de Avaliação e
Progressão da Educação Superior, criado por medida provisória para substituir o Provão. O novo sistema de avaliação aguarda
regulamentação.
O MEC faria editais com as metas e objetivos e pagaria às universidades vencedoras da concorrência pública um valor mensal por
aluno ao longo do curso e um adicional na conclusão.
É o que o ministério vem chamando de incentivar a responsabilidade social das instituições. O
pacto incluiria instituições comunitárias ou privadas quando o setor público não fosse mais capaz
de atender à demanda.
Nas etapas de elaboração da
proposta da reforma universitária, o grupo interministerial prevê
o lançamento, em março, do Movimento Nacional Universidade
21. Também sugere a criação de
um grupo de trabalho para receber sugestões e críticas de entidades e representantes ligados ao
ensino superior.
Semelhante a essa proposta, a
Secretaria de Educação Superior
do MEC criará, ainda neste mês, a
Câmara Universidade 21, para
iniciar a série de discussões.
Reformulações
O governo federal pretende enviar ao Congresso, até o segundo
semestre deste ano, um projeto de
reforma no ensino superior. A
discussão sobre o assunto se intensificou no ano passado. Universidades e entidades se organizam para apresentar propostas do
que deve ser modificado.
É o caso do grupo de 20 intelectuais ligados ao Fórum de Políticas Públicas, com sede no Instituto de Estudos Avançados da USP,
que já tem linha definida.
Proporá autonomia quase total
para as universidades, com redução de poder do Ministério da
Educação sobre as decisões e
orientações do ensino e pesquisa
e das agências de fomento.
A Andifes (associação que representa os reitores de instituições federais) também pretende
entregar propostas para o projeto
de reforma universitária até abril.
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