São Paulo, sábado, 20 de janeiro de 2007

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Bombeiros suspendem as buscas

Eles agora vão monitorar o trabalho dos operários, para o caso de surgirem indícios de mais vítimas

O 6º corpo, do funcionário público municipal Marcio Alambert, foi localizado no final da noite de quinta dentro do microônibus

DA REPORTAGEM LOCAL

Após uma semana de trabalho e seis corpos resgatados dos escombros, os bombeiros suspenderam ontem as buscas de vítimas na cratera aberta na obra do metrô em Pinheiros (zona oeste de São Paulo). O último corpo encontrado foi o do funcionário público municipal Marcio Rodrigues Alambert, 31, que estava dentro do microônibus tragado pelo buraco quando passava pela rua Capri (que margeia a obra do metrô). Alambert foi achado no final da noite de anteontem.
Apesar de dizer que não haveria mais trabalhos efetivos de busca por outros corpos, os bombeiros afirmaram que acompanharão as ações no canteiro de obras em busca de indícios de vítimas. Ontem familiares do contínuo Cícero Augustinho da Silva, 61, que está desaparecido, pediu que as buscas não fossem suspensas. "Continuamos os trabalhos, mas agora como observadores", disse Antônio dos Santos, comandante do Corpo de Bombeiros. Ontem, máquinas trabalhavam para estabilizar o solo do local, o que possibilitará o trabalho de peritos.
Os cães farejadores não puderam ser utilizados nas buscas porque os diversos corpos retirados da cratera deixaram vestígios, o que confundiria os cachorros. Além disso, não se tem uma pista do local onde Silva pudesse ter caído. "Não temos provas de que ele esteja no local do acidente", disse o delegado-geral da Polícia Civil, Mário Jordão. Segundo Jordão, há apenas "indícios" de que o office-boy esteja na cratera. Um deles é o horário do desaparecimento, que aconteceu depois das 13h da sexta -o acidente foi por volta das 15h.
A polícia agora tenta rastrear os últimos sinais dos celulares Vivo e Claro do office-boy. Jordão afirmou que ontem pediu à Justiça para ter acesso aos dados das operadoras. Ontem, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), comentou o desaparecimento de Silva. "Existe dúvida a respeito. Em São Paulo, me disseram, desaparecem 60 pessoas por dia. Então, não se tem claro se essa pessoa estava lá ou não." O governador destacou que tanto os bombeiros quanto a polícia procuram o office-boy.
O Corpo de Bombeiros anunciou o fim das operações de resgate às 2h de ontem, quando o microônibus foi retirado dos escombros. "Não tenho mais o que fazer lá embaixo", afirmou o comandante dos bombeiros na região metropolitana, João Souza. Do veículo, sobraram apenas o chassi, rodas e parte dos bancos. O microônibus ficou soterrado por 28 m de entulho. Em um primeiro momento, o governo estadual e o consórcio diziam não ter certeza da presença da lotação no local.
Os donos da empresa de lotação, então, afirmaram que o veículo havia sido localizado pelo sistema que informa o posicionamento de veículo. Anteontem, eles admitiram que mentiram para pressionar as autoridades a buscar a lotação. Imagens do circuito de câmeras do Edifício Passarelli flagraram o momento do desabamento. As gravações, divulgadas ontem pela TV Bandeirantes, mostram correria e pânico e o momento em que a aposentada Abigail Rossi de Azevedo, 75, uma das vítimas, passa em direção às obras, 45 segundos antes do desabamento. (FABIANE LEITE, FÁBIO TAKAHASHI e KLEBER TOMAZ)

Colaboraram EVANDRO SPINELLI , GILMAR PENTEADO e AFRA BALAZINA


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