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Falta de infra-estrutura preocupa cidades
No final do ano, alguns bairros de São Sebastião ficaram sem água e, na costa sul, a rede de esgoto ainda é precária
Outro problema é a migração desordenada de pessoas que vão trabalhar em grandes obras e acabam ficando em áreas de favelas
DA REPORTAGEM LOCAL
DA ENVIADA ESPECIAL AO LITORAL NORTE
O crescimento imobiliário no
litoral, embora traga empregos
e mais arrecadação de impostos, preocupa prefeituras. Além
da crônica falta de água e de redes e tratamento de esgoto, há
ainda os congestionamentos,
comuns nos horários de chegada e saída das praias, e o aumento do lixo doméstico.
Um outro ingrediente nocivo
ao ambiente do litoral norte: a
migração desordenada de pessoas que vão trabalhar em
grandes obras e acabam em
áreas de favelas, como já ocorreu entre os anos 1970 e 1980.
O secretário de Obras de São
Sebastião, Thales Carlini, diz
que a cidade tem estrutura para
absorver o crescimento imobiliário, com exceção dos sistemas de água e esgoto, de responsabilidade da Sabesp.
No final do ano, bairros de
São Sebastião ficaram sem água
e, na costa sul, a rede de esgoto
é precária. Ainda há casos de
vazamento de esgoto diretamente na areia da praia, como
ocorre em Juqueí.
Segundo Carlini, a prefeitura
investe 37% do Orçamento, de
R$ 294,5 milhões neste ano, em
infra-estrutura, incluindo escolas e postos de saúde.
"Essas melhorias atraem investidores. Outro atrativo é o
"congelamento" das favelas, que
pararam de crescer, mas a Sabesp precisa investir", diz.
A Sabesp, há duas semanas,
anunciou investimentos de R$
469 milhões em todo o litoral
paulista em sistemas de água e
saneamento básico.
Segundo a empresa, os sistemas de água em Caraguatatuba,
Ubatuba e São Sebastião produziram no final do ano 20% a
mais em comparação ao mesmo período de 2006. Em Ilhabela, o aumento foi de 50%.
Para o prefeito de Ilhabela,
Manoel Marcos de Jesus Ferreira, o que mais preocupa é a
superpopulação na cidade com
os lançamentos de condomínios -o maior terá 139 casas.
Segundo ele, a aprovação ocorreu antes da mudança no Plano
Diretor, que restringiu as construções no município.
"É o momento de todo o litoral norte começar a pensar primeiro na infra-estrutura, colocar o pé no freio e verificar se
está preparado", afirma.
Com a construção civil aquecida em todo o Estado, além das
grandes obras de estrutura na
região -a base de gás e o gasoduto entre Caraguatatuba e
Taubaté, a ampliação do porto
de São Sebastião e a duplicação
da rodovia dos Tamoios-, já
falta mão-de-obra. É o que diz o
diretor regional do Sindicato
dos Trabalhadores na Construção Civil, Antônio Carlos da Silveira. "Com tantas obras, não
há pessoal suficiente na região", afirma. Há hoje cerca de
7.000 trabalhadores no litoral
norte. "Há mesmo um risco de
haver muito mais migração."
Outra questão ambiental latente no litoral norte é a falta de
áreas adequadas para depósitos
de lixo, o que obrigou a Prefeitura de Ilhabela a encaminhar
seus resíduos para um aterro
sanitário no Vale do Paraíba.
Em São Sebastião, município
que se estende por mais de 100
km de litoral, o lixão da praia da
Baleia foi fechado em razão de
graves problemas de poluição.
Como Ubatuba e Caraguatatuba sofrem o mesmo problema, a solução foi criar um consórcio intermunicipal para
criar um aterro regional. O local escolhido foi Caraguatatuba, que, além de estar no centro
do litoral norte, ainda conta
com áreas livres para o aterro.
Um grupo de jovens que mora em Juqueí teme que a falta
de água fique mais comum e
que a natureza sofra impacto
negativo com o grande empreendimento que a Cyrela
lançou no local, de 125 casas. "É
uma grande área verde que vão
ocupar, onde há tucanos, lagartos, diversos pássaros", afirmou o balconista Levi Almeida
Ribeiro, 19. A propaganda da
obra diz que 92% de área verde
será "intocavelmente" preservada.
Regina de Paiva Ramos, da
Sociedade Amigos do Juqueí,
diz que o empreendimento é
"sério" e que vai respeitar a lei.
"Eles vão construir sobre pilotis [conjunto de colunas] para
evitar a impermeabilização e o
desmatamento", diz.
(JEC e AB)
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