São Paulo, domingo, 20 de janeiro de 2008

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SAÚDE/ INFECÇÃO

Casos de meningite mostram que doença não é de inverno

Segundo médicos, surtos podem ocorrem em todas as épocas do ano

Seis moradores contraíram a doença no Guarujá, e um garoto de seis anos morreu; houve mortes ainda em Santos, Praia Grande e Búzios

MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A meningite é freqüentemente confundida com uma doença de inverno, mas a idéia não passa de um mito. Ela pode provocar surtos em qualquer época do ano, e uma prova disso são os recentes casos no litoral do Rio e de São Paulo. Somente no Guarujá, seis pessoas contraíram a doença na favela do Chaparral. Um menino de seis anos morreu. Também houve mortes em Santos e na Praia Grande, onde as prefeituras descartam hipótese de surto. Búzios, no litoral fluminense, registrou duas mortes.
Segundo o pediatra Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, esses dados mostram que a meningite não se comporta da mesma maneira que outras doenças típicas de inverno, como a gripe, por exemplo. "Com a meningite não há uma sazonalidade com picos definidos. Há às vezes picos que oscilam entre as estações." Os dados registrados no Estado de São Paulo em 2007 confirmam a análise. Dos 9.488 casos, 2.868 ocorreram entre janeiro e março, cerca de 20% a mais que entre julho e setembro -2.393 casos.
A doença se caracteriza pela inflamação nas meninges -membranas que envolvem o cérebro e a coluna vertebral- e é causada por fungos, vírus ou bactérias, como o meningococo do tipo C -forma mais grave.
Segundo Kfouri, o que vale para doenças como a pneumonia (mais comum no inverno), não é regra para a meningite.
"As infecções, de forma geral, têm uma incidência maior no inverno por diversos motivos.
As pessoas ficam em ambientes fechados, e alguns vírus se multiplicam mais facilmente. Mas a meningite não tem época."
Ele diz não haver explicação para os casos ocorridos neste ano, mas que pode ter contribuído o grande contingente no litoral durante o verão. A transmissão do meningococo C acontece por vias respiratórias.

Vacinação
Entre as cidades que apresentaram casos de meningite, Búzios foi a que providenciou uma vacinação mais ampla, disponibilizando 21,4 mil doses da vacina. Na cidade, no último final de semana, foram registrados quatro casos da doença e duas mortes. Apenas um dos casos, o de uma menina de 14 anos, que morreu, foi de meningite meningocócica tipo C.
No Guarujá, a prefeitura aplicou 5.000 doses da vacina na favela do Chaparral na última segunda. Houve tumulto, pois moradores vizinhos também queriam ser imunizados.
O calendário básico de vacinação não inclui a imunização contra a meningite do tipo C (que custa, em média, R$ 150).
As outras cidades descartam a vacinação em massa e dizem que o número de casos está dentro do normal. Em Santos, foram confirmados quatro casos de meningite, sendo dois do tipo meningocócica. Uma adolescente morreu. Na Praia Grande, foram registrados quatro casos, entre eles, a morte de uma homem de 24 anos por meningite pneumocócica. São Vicente teve oito notificações de meningite viral (apenas um confirmado), Cubatão (dois do tipo viral e um do tipo bacteriana), Itanhaém (um viral e um do tipo bacteriana) e Mongaguá (um viral).


Colaborou MARIANA CAMPOS, da Agência Folha, em Santos


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